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segunda-feira, dezembro 31, 2012

Feliz 2013




Certa vez, no último dia de um ano marcado por grandes conquistas, mas, também, por grandes perdas, um homem considerado muito influente e poderoso, ao fazer o balanço de mais aquela etapa da sua vida, decidiu que iria colocar em sua sala um quadro no qual deveria estar escrita uma frase que tivesse o poder de dar-lhe o equilíbrio necessário para saber conviver da melhor maneira possível com suas derrotas e vitórias, não deixando que essas lhe tirassem o ânimo e a perseverança para seguir em frente e nem aquelas o tornassem vaidoso e arrogante.

Depois de muito pensar, o homem, então, pegou uma folha de papel e nela escreveu uma frase de apenas duas palavras que o faria saber que quando algo de ruim estivesse acontecendo bastaria ler aquilo para conseguir ter a força e a coragem necessárias para buscar um caminho que o levasse a uma solução para aquele problema, mesmo que a solução fosse simplesmente ter paciência para que tudo pudesse voltar ao normal; e quando algo de muito bom acontecesse, da mesma maneira, apenas com a leitura daquela frase seria possível entender que mesmo as maiores vitórias de nossas vidas são efêmeras e devemos estar preparados para os períodos sobre os quais elas não mais exercerão qualquer influência em nosso dia-a-dia.

O homem então mandou emoldurar a frase e a colocou em uma parede de sua sala, em frente à sua mesa, para que pudesse ser aquele quadro a sua primeira e última visão de jornada de trabalho, fazendo com ele iniciasse e terminasse cada dia de sua vida com a noção exata do que é preciso saber para viver da melhor maneira possível a nossa passagem neste mundo.

Neste final de 2012 - início de 2013, tente colocar essa imagem na sua mente e lembrar dela sempre, a cada dia, a cada derrota, a cada vitória.
VAI PASSAR...

A todos os amigos, colegas e familiares, que 2012 tenha valido a pena e que 2013 valha o esforço!

quinta-feira, dezembro 06, 2012

A "IMPROBIDADE" DA UEPB



A poucos dias da nomeação, pelo governador Ricardo Coutinho, do próximo reitor da UEPB, não são poucas as “denúncias” que pipocam pelos mais diversos canais a respeito de alegadas irregularidades cometidas pela atual administração.

As duas principais, baseadas em documentos que sequer chegam perto de poderem ser consideradas provas de qualquer tipo de ilícito cometido pela atual administração, são um relatório preliminar produzido por auditores não identificados – não está assinado por ninguém – do Tribunal de Contas do Estado, cujas maiores acusações se referem a gastos devidamente licitados, mas que as empresas vencedoras das licitações prestaram os serviços fora do período estabelecido e também a gastos com alimentação sem licitação, como se fosse possível prever, anualmente, a necessidade de refeições a serem fornecidas a alunos, professores, pesquisadores, cientistas e outras categorias de visitantes que vêm à UEPB trazer conhecimento ou vão a outras cidades representar a nossa universidade.

Imagine você recebendo um palestrante internacional conferencista em um evento patrocinado pela UEPB, levando-o para almoçar e, todo contente, comunicando-lhe que ele provará a melhor carne do sol do mundo, tendo como resposta algo do tipo “eu não como carne”. O jeito, pelo que alguns acham, seria dizer: “Pois hoje tu vai comer, cabra, porque quem ganhou a licitação da boia foi Manoel da Carne de Sol e pronto.”.

Pense aí...

Pense aí tentar fazer uma licitação de alimentação onde a empresa vencedora tenha como principal característica fornecer alimentação em qualquer parte do Brasil ou do mundo? Pois teria que ser assim no caso de um grupo de estudantes ou professores pedir o apoio da universidade para uma viagem onde a instituição deveria ajudar-lhes com transporte, hospedagem e/ou ALIMENTAÇÃO, por exemplo, no Rio Grande do Sul.

A não ser que a galera levasse as quentinhas daqui...

Licitar restaurante é complicado em qualquer lugar. E se o convidado não gostar daquele tipo de comida? E se o restaurante estiver lotado? E se a comitiva for grande demais para o restaurante vencedor da licitação? Essa é uma daquelas questões que todo mundo condena sem saber do que está falando e sabe muito bem como resolver, na teoria...

A outra grande denúncia se refere a uma tal de Ata de Preços. Muita gente repercutiu sem sequer saber do que se trata, dizendo logo que a UEPB comprou uma porrada de carteiras e quadros sem licitação.

Você, que está lendo este texto, sabe o que é uma “Ata de Registro de Preços”? Pois bem, eu também não sabia, mas eu sempre soube que a tal da licitação, apesar de ser uma das grandes salvaguardas da probidade administrativa nesse antro de corrupção que é o Brasil, é também um grande entrave para certos setores públicos, principalmente quando se trabalha com tecnologia de ponta ou em processos que exigem celeridade. Uma boa licitação, sem muito moído, dura, na melhor das hipóteses, algo em torno de seis meses entre o surgimento da demanda e o seu atendimento.

Aí inventaram uma lei (8.666/93) e alguns decretos (3.931/01 e 4.342/02) federais que estabelecem, basicamente, o seguinte: se uma empresa ganhar uma licitação em um órgão público e outro órgão público se interessar pelos mesmos produtos, poderá “aderir à ata de registro de preços” daquela licitação e adquirir os produtos sem repetir todo o processo licitatório.

Ou seja, se a UEPB estiver precisando de carteiras escolares e encontrar uma licitação já realizada por outra instituição pública para o mesmo fim, após comprovar que os preços praticados por essa empresa estão dentro da realidade do mercado, ela pode simplesmente aderir àquela licitação - sem precisar perder o tempo de fazer outra - e comprar os mesmos produtos pelos mesmos preços. Foi isso que a UEPB fez. Comprou carteiras e lousas a uma empresa, pagando pelos produtos os mesmos preços pagos pela Universidade Federal do Piauí, onde se realizou a licitação que gerou a ata de registro. Além da UEPB, outros órgãos aderem normalmente ao mesmo procedimento. Entre eles, na mesma época, o Governo da Paraíba, sob a administração do então governador Cássio Cunha Lima, que comprou assentos plásticos para os nossos estádios.

Pois bem, a UEPB precisava comprar carteiras urgentemente, procurou licitações já realizadas do mesmo produto, fez pesquisas de preços com mais duas empresas para saber se o preço que ganhou a licitação estava dentro da realidade e, estando, comprou as carteiras. O mesmo aconteceu com a Secretaria Estadual de Esportes em relação aos assentos.

Mas, afinal, se o processo é todo legal, porque o Ministério Público agora processa a reitora Marlene Alves e ex-secretário Ruy Carneiro por improbidade administrativa?

No caso do Governo do Estado eu não posso dizer, mas no caso da UEPB eu posso afirmar: foi excesso de boa-fé e uma boa pitada de incapacidade (favor não confundir com incompetência) administrativa.

É, eu sei que mais uma vez eu estou tentando fazer parecer que a UEPB é a “boazinha” da história, mas basta ler a denúncia do MP para entender do que estou falando.

O que ocorreu foi que a empresa ganhou a licitação com um valor, a UEPB aderiu à ata se propondo a pagar o mesmo valor e a empresa vendeu à UEPB pelo valor que ganhou a licitação da UFPI, mas também vendeu os mesmos produtos a outros órgãos públicos, através da mesma ata de registro de preços, por preços mais baixos.

E o que esses outros órgãos fizeram que a UEPB não fez?

PIRANGARAM!

Assim, a empresa vendeu a quem pirangou o mesmo produto por um preço mais baixo do que o que havia vencido a licitação, mas como a UEPB não pirangou, não ganhou desconto.

Em sua denúncia, o Ministério Público cita a lei das licitações e o trecho em que ela estabelece que se uma empresa pode vender um produto mais barato do que o preço constante na ata de registro de preços, ela tem obrigação de informar ao cliente e oferecer-lhe um desconto.

Algo como “olha, eu ganhei a licitação com o preço de R$ 10,00, mas outro órgão pediu pra baixar pra R$ 8,00 e eu baixei pra ele, então eu vou baixar o preço pra você também, certo?"

Isso acontece demais! Na Suécia...

Resumo da história: as tais empresas (Desk e Delta) ganharam licitações para fornecer carteiras, lousas e assentos, a UEPB e o Governo do Estado precisaram dos mesmos produtos, aderiram às atas de registro de preços, as empresas forneceram os produtos à UEPB e ao Governo pelos mesmos preços que forneceram aos órgãos que realizaram as licitações, mas forneceram por preços mais baixos a outros órgãos públicos que também aderiram às mesmas atas. O Ministério Público entendeu que houve irregularidade nos processos e denunciou todos os envolvidos por improbidade.

Provavelmente Marlene e Ruy não sabem nada dessas empresas e nem as conhecem, mas como são/eram os gestores responsáveis pelos órgãos que aderiram às atas, ou, como prefere o MP, os ordenadores de despesas, são seus nomes que constam das denúncias.

Crime das empresas: não disseram à UEPB e nem ao Governo do Estado que poderiam vender mais barato.

Crime da UEPB/Governo do Estado: não pediram desconto no valor já aprovado em uma licitação onde a empresa cobrou mais barato que outros fornecedores.

Prejuízos calculados pelo MP: UEPB – R$ 154 mil reais / Governo do Estado – R$ 1,5 milhão de reais.

É óbvio que eu não acho que esteja correto os cofres públicos terem um prejuízo desse tamanho e até acredito que as empresas devem ressarcir a UEPB e o Governo pelos valores cobrados a mais, mas eu vivo no país onde sucesso de qualquer negócio está ligado diretamente à habilidade do vendedor para manter o índice de lucro mais alto possível.

Como já disse várias vezes em outros textos, a UEPB passou por um crescimento acelerado nos últimos anos, que fez com que certos setores não conseguissem acompanhar o ritmo e atender à instituição como deve ser. O setor de licitação é um dos principais afetados por esse desenvolvimento rápido e não consegue sequer fazer os processos andarem com a celeridade que os setores necessitados exigem, imagine implementar procedimentos de negociação de valores já legalmente aprovados ou de pesquisa em todas as licitações para saber se houve negociação exitosa em outros órgãos.

Não defendo que isso não deva ocorrer. Muito pelo contrário. Apenas reconheço que isso não ocorre atualmente, nem na UEPB e nem na maioria dos órgãos públicos brasileiros.

O Ministério Público Estadual, mais uma vez, cumpre o seu papel de zelar pelo patrimônio público e cobra os esclarecimentos de quem de direito, mas tenho absoluta certeza que ninguém conseguirá qualquer tipo de declaração de qualquer de seus membros ou até de qualquer jurista respeitado defendendo que tenha existido o crime e a gravidade anunciados tão fortemente por quem vislumbra na denúncia motivo para monstruoso alarde.

Tentam insistentemente diminuir o valor que tem atualmente a UEPB, quem sabe para tentar liquidá-la no futuro...

quarta-feira, novembro 28, 2012

É OUTRA GUERRA



Nos últimos dias, principalmente após o início do mês final do prazo que tem o governador do estado para a nomeação do novo reitor da Universidade Estadual da Paraíba, recrudesceu a discussão sobre as obras e ações do reitorado que tem administrado a UEPB nos últimos oito anos, sob a gestão da professora Marlene Alves.

A diferença é que agora os polos da demanda não são a UEPB e o Governo do Estado, que resolveram levar a discussão sobre o corte de verbas da universidade para o campo devido e têm buscado, na medida do possível, travar um diálogo franco sobre suas interpretações a respeito da lei da autonomia.

Como diz o subtítulo do filme Tropa de Elite II, “o inimigo agora é outro”.

De um lado da batalha atual, apoiadores da chapa vencedora da eleição realizada no mês de maio, na qual saiu vencedora a chapa formada pelos professores Rangel Júnior e José Etham.

De outro, apoiadores dos demais candidatos que concorreram na consulta, em sua maioria apoiando a nomeação do segundo colocado, professor Cristóvão Andrade.

Certo?

Errado!

Neste momento, o que alguns querem fazer a opinião pública perceber, mais uma vez, é que a UEPB está dividida ao meio, rachada entre os que aprovam e os que não aprovam o atual reitorado, e que caberá ao governador dar um voto de minerva e decidir se a instituição continua com o projeto implementado há oito anos por Marlene, Rangel e o próprio Andrade – que apoiou as duas eleições de Marlene e se afastou da reitora na segunda metade do segundo mandato – ou se muda radicalmente de rumo e adota uma administração encabeçada por um grupo que tem buscado, nos últimos meses, negar grande parte dos avanços alcançados pela atual gestão.

Nessa disputa, a divisão que se tenta fazer o público externo acreditar que existe é, efetivamente, falsa. É óbvio que existem focos de intensa oposição à atual administração em alguns segmentos acadêmicos e esses focos têm legitimidade e suas razões para existir. Mas falar em insatisfação generalizada ou pelo menos em significativa rejeição à equipe que administra hoje a UEPB é, no mínimo, surreal.

Ainda no processo de eleição, ocorrido em maio, a chapa dois, encabeçada pelo professor Andrade, tentou se colocar claramente como única verdadeira antagonista da atual gestão, chegando a acusar outras chapas de oposição de servirem de alguma maneira à situação, buscando obviamente criar um processo de polarização que não chegou nem perto de ser alcançado.

Para se ter uma ideia, a categoria representada por Andrade, atual presidente da associação dos professores da UEPB, foi justamente a que deu maior vantagem ao candidato da atual gestão, professor Rangel Júnior, que teve 57,76% da preferência dos professores, contra 15,16% de Andrade, seguido bem de perto pela terceira colocada, professora Eliana Maia (14,16%).

A categoria que deveria viabilizar a polarização e levar seu representante à reitoria foi justamente aquela que deu maior apoio ao modelo atual. Nela, o candidato mais votado teve praticamente o dobro dos dois outros componentes da lista tríplice – juntos!

Na presente batalha, o claro objetivo dos que apontam as falhas da administração atual é influenciar a decisão ainda não divulgada do governador Ricardo Coutinho sobre a nomeação do próximo reitor da instituição. Tentam, de alguma maneira, justificar uma injustificável decisão de desobedecer a maioria da comunidade acadêmica e nomear outro que não fosse o mais votado nas eleições realizadas no último mês de maio.

O problema é que até agora não conseguiram mostrar sequer uma boa razão para que o governador siga a linha de raciocínio que apresentam. Na única denúncia real contra a atual administração, apresentam como única prova dos “crimes” cometidos pelo atual reitorado um relatório preliminar e não conclusivo do Tribunal de Contas da Paraíba, no qual os auditores consideram correta 99,8% da prestação de contas relativa ao exercício de 2011 e oferecem à UEPB a oportunidade para comprovar a correção dos outros 0,2%, o que já foi feito pela instituição em documento devidamente protocolado junto ao TCE.

Por outro lado, instituições representativas de estudantes, funcionários e professores – da UEPB e de fora da instituição – se manifestaram em favor da nomeação do mais votado. A Assembleia Legislativa aprovou por unanimidade requerimento solicitando que o governador respeite o processo eleitoral da UEPB. Várias lideranças políticas e acadêmicas, em níveis local, regional e nacional, defenderam publicamente o respeito à maioria e a consequente nomeação do vencedor. Defendendo a nomeação do segundo colocado, apenas um grupo de pessoas que o apoiam e participaram ativamente de sua campanha, além da associação de professores por ele presidida.

Mesmo que se queira que os 48,94% que não votaram em Rangel sejam mais do que os 51,06% que votaram, há que se considerar que nem todos aqueles que não votaram na chapa vencedora serão a favor de que o governador nomeie outro que não seja o mais votado.

Entre os 48,94% que votaram em Andrade (21,36%), Eliana (13,59%), Agassiz (8,07%) e Mônica (5,94%), certamente há uma significativa parcela de professores, alunos e servidores que não aceitariam de maneira alguma que o candidato em que votaram fosse nomeado sem que a ele fosse dada a maioria dos votos, por defenderem, em primeiro lugar, a democracia, mesmo que o desrespeito a ela lhes beneficiasse. Pior ainda se fosse outro candidato que não tivesse sido vencedor que não fosse o seu, o que lhes prejudicaria redundantemente.

Está claro, e quem tem o mínimo de bom senso já entendeu isso, que a nomeação de Rangel não representará apenas o respeito à vontade dos mais de 50% que votaram nele em maio. 

Representará o respeito à vontade de todos os que defendem, independente de suas posições pessoais e particulares, que prevaleça a vontade democrática da maioria. 

Representará, sobretudo, uma mensagem muito clara do governador aos que imaginam que esse tipo de estratagema será capaz de influenciar tão significativa decisão que ele tem plena consciência que não lhe pertence, de maneira pessoal, pois pertence, em primeiro lugar, aos maiores interessados, que são os membros da comunidade acadêmica e, adicionalmente, a todos os que o elegeram, acreditando na possibilidade de que a Paraíba viesse finalmente a ser governada por alguém com postura verdadeiramente republicana e que sabe respeitar de maneira impessoal um processo seletivo que não bastasse ser absolutamente legítimo é, sobretudo, plenamente democrático.

quarta-feira, novembro 21, 2012

UEPB: o tamanho do rombo



Fazendo as contas, muito rapidamente, das GRAVES DENÚNCIAS que algumas pessoas têm feito a respeito do relatório disponibilizado pelo TCE, ainda sem conclusão definitiva e produzido a partir de informações prestadas pela própria UEPB, chego à seguinte conclusão:
Somando os R$ 742.780,45 da locação de automóveis, vans e ônibus, os R$ 572.564,75 pagos por serviços de hospedagem e os R$ 838.274,63 com passagens aéreas nacionais e internacionais a UEPB “gastou”, sem obedecer aos devidos trâmites licitatórios, ao longo de 2011, R$ 2.153.619,83 (dois milhões, cento e cinquenta e três mil, seiscentos e dezenove reais e oitenta e três centavos) em despesas que foram devidamente comprovadas (as empresas forneceram notas fiscais e a universidade – além dos beneficiários diretos – comprovou a prestação dos serviços), mas que não cumpriram, em parte, os devidos processos administrativos estabelecidos pela legislação vigente. Ou seja, todo mundo sabe para onde o dinheiro foi, mas o procedimento não cumpriu a burocracia estabelecida atualmente.

É bom deixar claro que não há um tostão que tenha ido para fonte desconhecida ou, pior, que tenha parado nas mãos – ou nas contas – dos atuais gestores ou pessoas/empresas a eles ligadas, direta ou indiretamente. Todo mundo sabe de onde o dinheiro saiu (UEPB) e para onde foi (diversas empresas reais, devidamente estabelecidas e que notoriamente prestam os serviços para os quais foram contratadas).

Para ser justo, problemas semelhantes ou idênticos a esses ocorreram também nas prestações de contas de 2009 e 2010, mas após fiscalização do TCE e oferecimento de todas as informações solicitadas pela UEPB os problemas foram sanados e as prestações de contas foram integralmente aprovadas, como é público e notório.

Em 2010 e 2011, que eu saiba, não foi feito nenhum escarcéu sobre a avaliação inicial e temporária do TCE, como ocorre agora. Naqueles anos não havia, provavelmente, o mesmo interesse que existe agora em fazer com que a opinião pública imagine que a UEPB sofre com desmandos que dilapidam o patrimônio público e que apesar de tantas obras, projetos e tanto crescimento, a instituição estaria sendo saqueada por um grupo que a teria tomado de assalto, sem qualquer legitimidade (quando foi mesmo esse “golpe”?).

Se os números são vultosos à primeira vista, basta uma olhada no todo para ver como é pequenina a parte de que tanto se fala.

O que, de fato, me chama a atenção mesmo são esses dois números: R$ 2.153.619,83 X R$ 324.271.562,64. Ou seja, dos 324 milhões executados, o TCE só encontrou motivos para solicitação de informações adicionais sobre a aplicação, devidamente comprovada, de pouco mais de 2 milhões.

Ou seja, as irregularidades que alguns alegam estarem DOMINANDO as contas da UEPB só estão presentes em 0,66% (zero vírgula sessenta e seis por cento) de seu orçamento total, segundo atesta o próprio Tribunal de Contas do Estado em relatório ainda passível de correções.

Vendo por outro lado, a UEPB, mesmo passando por um processo de franco crescimento físico e operacional, acompanhado com dificuldade pelos setores responsáveis pela burocracia da instituição, que enfrentam problemas sérios para conseguir manter seus procedimentos de controle e fiscalização interna em dia com uma universidade que cresce a cada minuto, conseguiu prestar contas com minuciosa fidelidade aos fatos e absoluta clareza financeira e fiscal de 99,33% de tudo o que efetivamente realizou em termos de investimentos em 2011.

E os outros, já citados, 0,66%, tiveram, também, devidamente comprovados o seu uso, ou seja, para onde foram e por que motivo, devendo, inclusive, passarem por reavaliação pelo próprio TCE, após fornecidas as informações adicionais da UEPB, como ocorreu em 2009 e 2010, quando as contas foram, de maneira definitiva, APROVADAS.

No final, o que os que repercutem de maneira apocalíptica o relatório do TCE estão conseguindo fazer é mostrar o que a atual gestão da UEPB vem dizendo há muito tempo: a atual administração não é e nem se ilude a tentar atingir a perfeição. Falhas existem e vão continuar existindo, mas muito menores e com intenções bem diferentes das que são denunciadas.

Se é para avaliar as INTENÇÕES, nada melhor do que analisar quais as reais intenções dos que hoje apontam as falhas da atual administração e o que efetivamente fizeram para contribuir com a resolução dos problemas encontrados.

Não acho que seja aceitável nem 0,0001% de falha ou erro quando se fala em recursos públicos e embora saiba a luta que é controlar em tempo real despesas como a viagem de um grupo de alunos que pede um ônibus de última hora ou a acomodação de uma comitiva de pesquisadores estrangeiros que chega de surpresa para uma visita a algum departamento, espero que após o fornecimento dos dados solicitados pelo TCE à UEPB haja a devida aprovação das contas relativas ao exercício de 2011 da instituição.

Mas, independente disso, apesar de até ter procurado muito nos últimos tempos, não consigo ver, sinceramente, que instituição é essa que tanto falam, que se encontra imersa em um verdadeiro CAOS administrativo e vitimada por saques e desmandos.

Mas, como toda unanimidade é burra, viva quem discorda!

sexta-feira, novembro 09, 2012

sexta-feira, outubro 19, 2012

A coisa tá vermelha



Se há uma característica que tem marcado as últimas eleições municipais em Campina Grande, essa característica é a capacidade do grupo de Veneziano e Vitalzinho no sprint final.

Aconteceu em 2004 e em 2008.

Nesta eleição, o grupo comandado pelos filhos de Dr. Vital, conseguiu, mais uma vez, fazer uma campanha notável sob os três aspectos mais importantes no que toca ao desempenho eleitoral do ponto de vista estatístico: tempo, velocidade e curva (do quarto – tendência – falo mais na frente...).

Esses aspectos definem, basicamente, a duração (ou distância) da disputa, a velocidade média de cada competidor e a evolução dessa velocidade ao longo da “corrida”.

Imagine uma prova de automobilismo onde um carro sai com certa vantagem em relação a outro. O carro que está na frente não tem muito o que planejar em termos de estratégia. É manter a maior velocidade possível, concentrar-se na pista e ter cuidado para não “forçar a máquina” e nem derrapar em alguma curva (ou, pior, em alguma reta!). Já o competidor que sai atrás precisa se preocupar muito mais e planejar a prova passo a passo. Ele pode acelerar tudo que pode – e o que não pode – no início, emparelhar-se logo e disputar palmo a palmo no final ou pode tentar fazer uma prova de chegada, estabelecendo, por exemplo, um ritmo semelhante ao do seu principal concorrente na primeira parte da corrida e uma atitude mais radical na parte final. É, acredito eu, essa a especialidade de Vitalzinho, que reputo ser hoje o principal estrategista político paraibano.

Vitalzinho sabe, como ninguém, determinar a velocidade certa para o início, de maneira a não forçar o carro e não cansar o piloto e percebe, sobretudo, o momento certo de enfiar a bota e ultrapassar o concorrente na reta final.

Foi assim em 2004, quando Veneziano cruzou na frente de Rômulo no segundo turno por uma “peínha” de nada. Se a eleição tivesse sido um dia antes, Rômulo ganharia. Se fosse um dia depois, Veneziano ampliaria a vantagem. É a tal da ascendência/descendência da curva (ou tendência).

Outro exemplo para ilustrar: dois motociclistas vão pular um precipício e para isso serão impulsionados por rampas. Se as duas rampas estiverem na mesma inclinação e um dos motociclistas estiver mais rápido ele terá mais chance, por causa do maior impulso.

Já se uma rampa estiver com uma inclinação maior que a outra, mesmo com a mesma velocidade o motociclista que pular por ela terá mais chances de chegar ao outro lado do que aquele que pular pela rampa com menor inclinação.

Outras variáveis devem ser consideradas, como o vento contra ou a favor, a qualidade e quantidade de "combustível" e até a relação com a "arbitragem", mas vamos nos manter no básico. O que tem acontecido em Campina nas últimas eleições é a união eficiente entre curva e velocidade. Veneziano nas últimas duas campanhas conseguiu chegar ao segundo turno com uma curva mais ascendente e uma velocidade mais alta.

Trazendo esse exemplo para 2012, o que se vê é a mesma estratégia reproduzida na campanha de Tatiana Medeiros e as últimas pesquisas mostram dados animadores para o grupo do PMDB e preocupantes para o grupo do PSDB. (ver gráfico lá em cima)

Aí entra em cena a outra palavra muito usada para avaliar os resultados de pesquisas: tendência. 

Analisando as duas primeiras pesquisas divulgadas no 2º turno, com apenas um dia de diferença entre as duas na coleta dos dados e divulgação dos resultados, nota-se que a diferença, em termos de votos válidos pró-Romero tem uma curva decrescente.

Na pesquisa do Ipespe, contratada pelo Jornal da Paraíba e divulgada ontem (18/10), com captação dos dados de 15 a 17/10, Romero tem 58% e Tatiana tem 42%. Diferença de 16%, variando de 12,5% a 19,5%, aplicando-se a margem de erro de 3,5%.

Na pesquisa do Ibope, contratada pela TV Paraíba e divulgada hoje (19/10), com captação dos dados de 17 a 19/10, Romero tem 55% e Tatiana tem 45%. Diferença de 6% a 14%, aplicando-se a margem de erro de 4%.

Levando em conta apenas a última pesquisa e calculando uma RETA de crescimento, a projeção daria a vitória a Romero, com 52,5% dos votos válidos e 5% de vantagem em relação a Tatiana.

Levando em conta as duas pesquisas e calculando uma CURVA, a projeção mostra que Tatiana se mantém em curva ascendente e Romero projeta uma estabilização ou até o início de uma curva decrescente.

O cenário mostra que a queda de Romero pode até ser improvável neste primeiro momento, mas se uma próxima pesquisa revelar a consolidação dessa curva ascendente de Tatiana isso poderá ter influência nos 6% a 7% de indecisos, inflamar a militância do PMDB, desanimar a militância do PSDB e atingir parte dos que hoje declaram voto em Romero.

O certo é que a história recente mostra que o esquema de Vitalzinho e Veneziano é extremamente hábil para lidar com esses cenários e que uma das marcas do PMDB campinense é a grande capacidade de conseguir um fôlego extra na reta final.

Some-se a isso o fato de que – na minha modesta opinião – a campanha de Tatiana, do ponto de vista mercadológico, foi, sem dúvidas, a mais eficiente destas eleições. Independente de minhas posições pessoais ou profissionais, os programas e inserções do PMDB souberam falar direitinho com a população e levar os eleitores para o lado que mais interessava ao grupo neste momento: a emocionalização do processo de escolha. Enquanto nós, um pouco mais esclarecidos, nos incomodávamos com o excessivo show de lágrimas proporcionado pelos programas e inserções do PMDB, pela negação dos problemas da cidade e pela completa falta de conteúdo nas propostas, as pessoas mais carentes deixavam de lado os aspectos pragmáticos que envolvem a escolha de um gestor público para se solidarizar com aqueles que foram “cuidados” pela “doutora”. Com a mais absoluta certeza, a campanha de Tatiana – e essa é uma marca de Vitalzinho – utilizou-se de um grande e preciso arsenal de pesquisas, principalmente qualitativas e de “tracking” e teve gente com o feeling necessário para saber como utilizá-las. E fazer campanha sem pesquisas hoje em dia é uma aventura que ninguém merece...

A postura da candidata ao longo de toda a campanha também foi claramente determinada a partir da estratégia levada a cabo pelo prefeito, desde que assumiu, há oito anos, onde obras necessárias e cotidianas passaram a ser consideradas conquistas épicas, reformas passaram a ser denominadas de “reconstruções” e melhorias agora são chamadas de “requalificação”. Tatiana soube ser eficiente na defesa intransigente de um modelo com grande ascendência midiática – inclusive com as devidas “blindagens”, típicas dos nossos conglomerados de mídia regionais – e que vem sendo bombardeado há um bom tempo com grande eficiência, proporcionada principalmente pelo cenário macroeconômico e social da era Lula/Dilma, no qual Campina se insere de forma tímida em comparação com outras cidades do mesmo porte, mas que se sobressai em comparação à realidade do período pré-Veneziano.

Do outro lado, temos do lado de Romero uma campanha “padrão Mix”, com todas as suas vantagens e desvantagens. Os programas e inserções do PSDB não têm absolutamente nenhuma diferença do que foi feito nas últimas quase três décadas pela agência que fez sua primeira campanha em Campina Grande ainda na década de 1980, quando ajudou Cássio a conquistar seu primeiro mandato de Prefeito.

Se tirarmos o nome de Romero e substituirmos por Rômulo, voltamos a 2004/2008. O mesmo exemplo vale para Cássio (1988/1996/2000) e Félix (1992).

Multidões nas ruas, textos emocionados narrando os eventos de sempre, músicas enaltecendo as qualidades do povo e da cidade, muita computação gráfica, recortes de documentos e jornais (agora são de sites) cenários em fundo infinito com fotos, figuras geométricas e apresentadoras multirraciais sem nenhuma identificação com a cidade pra lá e pra cá no grande estúdio e, lógico, os velhos filmes/clipes temáticos com crianças, jovens, artistas e idosos. Nem a famosa passagem de Cássio gritando “À Vitória!” faltou...

Só faltou o "hit" de Capilé. E fez falta!

Tudo bem que propaganda eleitoral é clichê e não se pode fugir muito disso, mas essas estratégias não funcionaram em 2004 e nem em 2008. Por que funcionariam agora?

A isso tudo, some-se um candidato que não soube demonstrar na mídia a sua real capacidade de se impor como verdadeiro comandante de sua campanha. Em alguns momentos ensombrado pelo próprio vice, em outros ofuscado pelo principal apoiador – Cássio – e na reta final extremamente prejudicado pela sua ligação com o atual governador, a quem não assumiu nem negou. Romero não teve – ou não demonstrou ter – uma estratégia de discurso clara nesta campanha. O mote da inovação não rendeu muito quando aplicado a um candidato nascido na zona rural e formado em agronomia (que apesar de conter atualmente grande base tecnológica ainda é vista como uma atividade arcaica pelo grande público), principalmente depois que os tablets não se mostraram muito eficientes como alavanca da campanha. Nas entrevistas e debates, algumas propostas pontuais sem muita importância e que atraíram muito pouco a atenção das pessoas, mas, na maioria do tempo, um discurso com exagerado nível de retórica – igual ao de sua principal oponente – mas, no caso de Romero, extremamente genérico. Independente do problema apresentado, a solução de Romero sempre é tratar a todos com respeito, com atenção, com carinho, com o coração, com diálogo... Em poucos casos falou de maneira específica com alguma parcela do eleitorado e isso transpareceu desconhecimento e falta de preparo. E os bordões “Romero é Romero” e “Romero não é brigado com ninguém” disseram pouco do que acredito que pretendiam.

No final das contas, daqui a uma semana teremos a definição do futuro prefeito de Campina Grande e, mais uma vez, a discussão não se baseou na capacidade administrativa dos concorrentes, em propostas claras e exequíveis para os problemas que a cidade enfrenta e em compromissos ligados à correção de posturas políticas e administrativas que muito têm prejudicado nossa cidade há mais de três décadas. Muito pelo contrário, elas foram negadas e serão fatalmente repetidas, independente de quem vença.

A melhor estratégia, a melhor música, a melhor foto, a melhor cor, o melhor logotipo, o melhor depoimento, o melhor apoiador, o melhor blogueiro, a melhor passeata/carreata/comício...

...no próximo dia 28 os eleitores de Campina vão julgar tudo isso, menos quem é o melhor candidato.

sábado, outubro 06, 2012

Eu tenho Certeza



Eu tenho certeza que o candidato a prefeito no qual eu vou votar amanhã é um homem honesto, que conseguiu tudo o que tem na vida através do próprio trabalho e que nunca passou em seu bolso um tostão oriundo dos cofres públicos.

Você conhece outro(a) candidato(a) nunca usou dinheiro público para fins particulares?
Eu tenho certeza que o candidato a prefeito no qual eu vou votaramanhã será um ótimo prefeito, pois ele conseguiu transformar um fiteiro na feira central em uma marca conhecida em todo o Brasil, uma empresa com filiais espalhadas por cinco estados do Nordeste e em uma construtora que investe grande parte dos lucros de seus empreendimentos em benfeitorias como calçamento de ruas, rede de esgotos e águas pluviais, áreas para praças, escolas e creches.

Você conhece outro(a) candidato(a) que tenha experiência administrativa bem sucedida pelo menos parecida com essa?


Eu tenho certeza que o candidato a prefeito no qual eu vou votar amanhã será o único responsável pelo seu governo, pois não pertence a nenhum grupo político e não precisará obedecer a ninguém na escolha de seus auxiliares ou no preenchimento de milhares de cargos comissionados destinados a pessoas que “trabalharam” na campanha eleitoral, podendo formar uma equipe baseado exclusivamente na competência e diminuir em mais de 80% o números de comissionados, fazendo com que os recursos destinados ao pagamento de apadrinhados seja investido em obras que beneficiem a todos.

Você conhece outro(a) candidato(a) que tenha total independência para montar sua equipe e que tenha condições, de fato, de fazer uma faxina na Prefeitura?


Eu tenho certeza que o candidato a prefeito no qual eu vou votar amanhã, pela primeira vez nos últimos 36 anos, não vai colocar a administração a serviço de candidaturas para deputado, governador ou senador, quebrando a prefeitura para que um aliado ou chefe político use Campina Grande como trampolim eleitoral.

Você conhece outro(a) candidato(a) que não vá usar a prefeitura para eleger candidatos na próxima eleição?


Finalmente, eu tenho certeza que você sabe que Campina Grande hoje não é o que poderia ser – e já foi um dia – exclusivamente porque nas últimas três décadas nossa cidade só tem tido um único objetivo político: alimentar a fome de poder de três grupos familiares que se revezam na prefeitura e, a partir dela, já elegeram deputados, vice-governadores, governadores e senadores que nunca conseguiram transformar o poder dos seus cargos em benefícios para a cidade na mesma proporção que nós lhe temos "ajudado".

Eu tenho CERTEZA que votando em Artur Bolinha – 14, estarei escolhendo o MELHOR para CAMPINA GRANDE.

Você tem menos de 24 horas para refletir sobre o que quer que aconteça com Campina Grande a partir de 1º de janeiro de 2013.

Dependendo da sua decisão, você terá, depois, quatro anos para comemorar a sua escolha ou pagar caro pelo seu erro.

REFLITA...

quarta-feira, setembro 19, 2012

O pior tipo de mulher




Senhor! Senhor!, tornou a gritar, ao concluir os seus pensamentos, “devo, então, começar a respeitar a opinião do outro sexo, embora me pareça monstruosa?”, gritou, “que hei de fazer?” E com isso entristeceu. Virginia Woolf, Orlando




Navegando pela internet esses dias li um artigo de um conceituado psicólogo listando o que ele considera ser os dez principais tipos – psicológicos – de mulher.

Tem a tradicional “Amélia”, a espalhafatosa “Perua” e a tão desejada “cúmplice”, como diz a letra do menestrel baiano Juca Chaves:
"Eu quero uma mulher / que seja diferente / de todas que eu já tive / de todas tão iguais / que seja minha amiga / amante, confidente / a cúmplice de tudo / que eu fizer a mais."
Ao final, o autor desafia as leitoras do artigo a respondê-lo à altura em suas suposições com um texto onde consigam definir, ao seu modo, os tipos de homem.

No primeiro comentário, uma genial internauta responde de maneira muito criativa e, considero eu, definitiva: “mas homem não é tudo igual?”.

Pronto. Resolvida a questão.

Principalmente se nos permitirmos avançar um pouco nas interpretações polissêmicas e entendermos que a palavra “homem”, na frase, refere-se à raça e não ao gênero.

Nunca consegui entender essa questão de raça aplicada ao homem. Pra mim, por exemplo, um poodle branco e um poodle preto são cachorros da mesma raça, apenas com cores diferentes.

E se já é difícil entender essa idiotice de distinguir como raças as cores de pele, para citar o traço mais comum utilizado, imagine entender que haja diferenças significativas – que não as biológicas e anatômicas – entre os seres humanos baseadas em gênero.

Ou seja, o homem é mais assim e a mulher é mais assado. E se um homem for mais assado a gente logo aponta: “deixa disso, tá parecendo mulher!”.

E quando a gente vê aqueles casais e diz: “ele é a mulher do relacionamento” ou vice-versa, para enaltecer determinadas qualidades ou apontar certos defeitos?

Não sei se foi o fato de ter sido – muito bem – criado por uma autêntica “pãe”, já que sou filho de mãe divorciada e a partir dos oito anos não tive referências paternas em minha vida, mas nunca consegui e sempre estranhei quando as pessoas faziam qualquer tipo de diferenciação de caráter baseada exclusivamente no gênero. “Mulher é isso”, “mulher é aquilo”... Eu sempre me lembrava que conhecia um monte de homens que também eram isso e aquilo e, obviamente, outro monte de mulheres que não eram. Portanto, sempre me pareceu muito estranho esse tipo de julgamento ou diferenciação.

E eis que um belo dia sou acusado de machista, sexista e, pior, misógino!

E por quê?

Por certas postagens colocadas em meus perfis em redes sociais que estariam incomodando especificamente duas pessoas do sexo feminino.

Uma das pessoas, à qual eu não me refiro em momento nenhum em minhas postagens, é uma ex-candidata à Prefeitura de Campina Grande à qual eu prestei serviços na campanha de 2004 e que até hoje não me pagou o que ficou estabelecido em um contrato que, inclusive, não foi apresentado à Justiça na prestação de contas de sua campanha, o que, para todos os advogados que consultei, configura-se claramente como “Caixa Dois”.

As provas de que prestei o serviço estão fartamente demonstradas no processo em que a ex-candidata foi condenada no último mês de maio, pelo Exmo. Juiz da 2ª Vara Civel de Campina Grande. Os serventuários do cartório daquela vara inclusive se acostumaram a chamar o processo carinhosamente de “A SANFONA”, de tão volumoso que ele é. Entre as mais de 800 páginas estão os arquivos originais das artes usadas na campanha, os documentos referentes à participação em entrevistas e debates que eu assinava como representante da candidata, as fotos oficiais da candidata, com os originais, feitos pelo fotógrafo sob minha direção e as imagens finais, já com diversos retoques de photoshop. Também há fotos onde eu apareço dando orientações nesses eventos e até bilhetes nos quais eu escrevia as perguntas que ela deveria fazer e as respostas que ela deveria dar nos debates, já que ela tinha pouco conhecimento sobre a cidade naquela época. 

Obviamente que há no processo, principalmente, o tão falado contrato, assinado por ela apenas nos últimos dias da campanha, quando eu já andava desconfiado da cidadã por problemas que estavam ocorrendo com outros fornecedores, e interrompi a prestação dos serviços até que ela, pelo menos, assinasse um documento que me desse algum tipo de segurança. E olhe que eu já estava com o contrato pronto desde o início da campanha, mas sempre aparecia um contratempo e ela não assinava.

Minhas provas são essas. As dela eu não sei, pois nada foi anexado por ela ao processo. Será que é porque a Justiça não aceita provas oferecidas por uma mulher?

Revendo minhas postagens, inclusive, pude observar que tudo o que publiquei referindo-me, genericamente, ao feminino, pode ser aplicado ao masculino. Por exemplo, a assessora, a candidata, a estelionatária. O que há de machismo nisso?

Ou seja, minhas piadas não são machistas, nem sexistas, nem misóginas. São de mal gosto. Só.

Mas o que fazer quando você está em um ambiente onde a maioria das pessoas representam o que existe de pior na política brasileira? Um verdadeiro rebotalho da ética, da moral e da honestidade?

Louvo, sinceramente, os poucos homens e mulheres honestos que ainda se propõem a participar de tão nojento processo. 

Eu, como não consigo fazer de conta que aquela ópera bufa é uma poesia épica, me abstraio em minhas observações jocosas, com o único interesse de divertir a mim e aos que por algum motivo estranho continuam me acompanhando na internet.

E por isso fui chamado de machista, sexista e misógino.

E pergunto, sinceramente, existe ladrão mulher? E estelionatário mulher? E destruidor de famílias alheias mulher?

A História, a Justiça e o Senso Comum mostram que existe.

Mas, afinal, qual o pior tipo de mulher?

Na minha humilde opinião, é aquela que tenta esconder sua falta de caráter em seu gênero, pois que se defende de tudo o que lhe acusarem apenas com o fato de “ser mulher”, não podendo, por isso, ser apontada por suas falhas. Ao mesmo tempo em que denota, de fato, a podridão que se esconde por trás de sua postura feminista e humanista, revela o uso criminoso do feminismo para travestir seu espírito abjeto e delinquente e, por tabela, ataca violentamente a honra e a moral de todas as mulheres que com ela tiverem qualquer tipo de identificação.

E por estar infiltrada no movimento feminista, é, com toda certeza, a maior inimiga que se possa imaginar das causas das mulheres, pois não apenas reforça a criação de estereótipos negativos como os apresenta como justificativas para suas tramoias.

quinta-feira, junho 21, 2012

O Marqueteiro e o Treinador



Se há duas profissões onde a comparação, por analogia, facilita o entendimento de uma e de outra, elas são a de marqueteiro – ou consultor de marketing político-eleitoral – e a de treinador de futebol.

Já notaram que cada treinador tem seu grupo de profissionais, que leva a todos os times que o contratam? São, basicamente, o auxiliar técnico, o preparador físico e o treinador de goleiros.

Com o marqueteiro também é assim. Para onde ele vai, sempre leva sua produtora preferida, seu redator, produtor, diretor, apresentadores, repórteres, locutores...

Ultimamente, novos profissionais têm se juntado a esse grupo. No futebol, é cada vez mais comum os treinadores contarem com fisiologistas, nutricionistas, psicólogos, fisioterapeutas e outros especialistas da área médica e comportamental.

Na equipe do marqueteiro passam a ter lugar garantido o estatístico, o diretor de arte, o analista de mídias sociais, o produtor de eventos e até profissionais que antes eram contratados diretamente pelo partido ou coligação, como a assessoria jurídica e de contabilidade, importantíssimas para os casos em que o campeonato se decide no tapetão.

Há os treinadores mais ousados, cujos times jogam sempre no ataque, e os famosos retranqueiros. Os marqueteiros também têm seus traços característicos. Há os que privilegiam a estética imagética, outros jogam todas as suas cartas na qualidade dos textos. Uns são mais racionais e fazem dos programas de seus candidatos verdadeiros programas jornalísticos. Outros optam pela linha mais emocional. Pouca informação e muita música, depoimentos inflamados, cenas de demonstração de afeto do eleitor para com o candidato e vice-versa.

Treinadores e Marqueteiros tem seus estilos. Os times que treinam e as campanhas que produzem são sempre parecidos. É como se fosse a sua fórmula particular do sucesso, que sofre alterações caso a caso, mas mantém sempre a mesma espinha dorsal. Isso fica muito marcante quando um consultor de marketing trabalha com várias campanhas ao mesmo tempo, em lugares diferentes. São sempre muito parecidas, o que demonstra que a cara da campanha quase nunca é definida pelo candidato e sim pelo marqueteiro, que apenas enquadra a candidatura em um conceito pré-definido não apenas por seu conhecimento técnico e experiência profissional, mas, principalmente, pelo cenário do momento e pelas tendências da comunicação e da percepção do eleitor.

Já tivemos eleições onde todas as campanhas falavam em emprego. Outras onde o foco era saúde. Combate à violência, moradia, infra-estrutura e outros temas também foram abordados em campanhas passadas.

Temas que vão ser muito utilizados nas próximas eleições, nas médias e grandes cidades, por exemplo, são mobilidade urbana, sustentabilidade e empregabilidade, que não tinham grande destaque em campanhas passadas. Esses temas são como as formações táticas do futebol. 4-4-2, 3-4-3 etc. Assim como no futebol as formações se dão sempre em torno da defesa, meio-campo e ataque, na campanha os temas vão sempre girar em torno da qualidade de vida,  formação profissional, economia e lazer, que se traduzem em mantras como educação, saúde, segurança, emprego e renda, moradia, abastecimento d´água, saneamento, urbanização e cultura. As formações mudam, mas os espaços são sempre os mesmos e apesar da vontade que todo treinador/marqueteiro sempre tem de inovar, experiências passadas mostram que campanhas baseadas em temas que não interessam à grande maioria do eleitorado naquele momento não se sustentam e nem sustentam uma candidatura, assim como não dá pra tentar entrar em campo com um 1-2-3-4.

No entorno da campanha, como do time de futebol, forças ocultas agem o tempo todo. No futebol, são dirigentes, empresários, patrocinadores, representantes de torcidas e a mídia. Na eleição, são os dirigentes partidários, os líderes políticos, os apoiadores mais importantes, a mídia e os assessores próximos ao(s) candidato(s), que sempre acreditam entender muito de marketing e comunicação, assim como os do time acreditam entender muito de futebol, e sempre têm uma dica genial para oferecer gratuitamente ao consultor ou ao treinador. O problema é que sempre ficam de cara amarrada, chegando a ameaçar abandonar o time – ou o candidato – quando o pitaco não é aceito, já que seria ele, por mais idiota que fosse, o grande responsável pela esmagadora vitória.

Por vezes, até são pertinentes as observações desses curiosos, mas dificilmente vêm prontas para usar ou no momento certo. Quase sempre precisam de profundas mudanças conceituais ou de timming, para que sejam usadas no momento certo, o que provoca ainda mais ira em seus “criadores”. Na maioria das vezes o que acontece mesmo é que tais ações estão previstas no planejamento da campanha, ou do campeonato, e o que o pitaqueiro faz é apenas antevê-la. Nesses casos é sempre complicado lidar com a situação. O cara chega pra você e diz “se eu fosse você, eu fazia isso, isso e isso”. Aí você diz que aquilo já está nos seus planos e você irá utilizar na hora certa. E ele sempre acredita que você não tinha nem ideia daquilo e aproveitou a oportunidade para “chupar” a ideia genial dele. No final, se você usa, copiou dele. Se não usa é um idiota orgulhoso, que não aceita opinião de ninguém e está prejudicando seriamente o candidato com essa postura.

O candidato é outro elemento complicado de lidar. Ele é o equivalente àquela estrela do time de futebol, sempre cercado por um monte de babões, travestidos de amigos, colaboradores, assessores etc., sempre querendo provar sua extrema influência sobre a estrela da campanha ou do campeonato.

Você pede para o candidato ficar tranquilo no debate, o babão manda ele “botar pra lascar” em cima do opositor. Você sugere uma mudança de postura, ele diz que o candidato tem é que ser daquele jeito mesmo, pois foi aquele “jeitão” que o tornou tão bem sucedido nas eleições anteriores.

É difícil encontrar um candidato – como é difícil encontrar uma grande estrela do futebol – que de fato se disponha a colaborar integralmente com a campanha – ou campeonato.

Do mesmo jeito que os “bad boys” do futebol por vezes atrapalham o andamento da equipe com seus comportamentos arredios, assim são alguns candidatos.

Tem o candidato Romário, que não gosta de treinar e sempre prefere enfrentar debates, eventos e entrevistas com a cara e a coragem, crente que é o melhor orador do mundo e entende tudo sobre todos os assuntos.

Tem o candidato Renato Gaúcho, que vê a campanha como uma grande oportunidade para “pegar mulher” e sai dando em cima de todo mundo, de seguradora de bandeira à esposa do opositor.

Tem o candidato Cristiano Ronaldo, que acha que sendo o bonitão da campanha não precisa de mais nada. Apenas um sorriso conquistará qualquer eleitor.

Mas esses são os exemplos dos candidatos que se identificam com estrelas do futebol que deram certo. A maioria mesmo se identifica é com aqueles que tiveram essas posturas e se deram mal.

Para um Romário que deu certo, quantos preguiçosos e farristas deram errado?

A realidade é que o candidato é apenas mais um funcionário da campanha e, como tal, deve cumprir rigorosamente sua função no projeto, que, basicamente, é sempre a mesma: encontrar o maior número de pessoas possível e conquistar o máximo de votos.

Todo político é levado pelas circunstâncias a achar que é superdotado do ponto de vista da inteligência, persuasão e capacidade de superação. Poucos são. A maioria é convencida disso por um cordão de puxa-sacos que depende do ego inflado do chefe para se dar bem dentro do esquema.

Em síntese, o marqueteiro, como o treinador, é um grande malabarista, daqueles que equilibra pratos girando sobre varas enquanto um palhaço tenta distraí-lo. Tem que estar sempre focado no seu objetivo final, mas, ao mesmo tempo, extremamente atento ao que acontece à sua volta.

Tem que entender de estratégia, mas também tem que ter na manga as táticas certas para cada oportunidade ou ameaça.

E assim como o treinador de futebol, é julgado não apenas pelos resultados, mas também pela forma como interage com todo o meio ao longo de seu trabalho. Cada vez mais o mercado aceita menos as estrelas intratáveis, os gênios incompreendidos e os artistas que baseiam todo o seu trabalho no super estimado feeling.

O tempo é da técnica, dos números, da análise sintética e analítica do micro e do macro ambiente. Do conhecimento profundo do cenário, da própria equipe e do opositor. Do time formado por especialistas, cada um mais competente em sua área do que o próprio chefe.

Às vezes é preciso sacrificar um defensor para não sofrer um gol.

Às vezes é preciso usar os reservas.

Às vezes é preciso jogar com o regulamento debaixo do braço. 

Quase sempre, do pescoço pra baixo é tudo canela e, em caso de dúvida, bola pro mato, que é final de campeonato.