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quinta-feira, março 29, 2012

Porque não?

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quarta-feira, março 28, 2012

As assessorias na Frente de Batalha



Tive ótimos professores de assessoria de comunicação, tanto na graduação quanto na pós, e nenhum deles me ensinou que um assessor de imprensa deve envolver seu nome pessoal na defesa da imagem ou da honra de seu assessorado.

Muito pelo contrário.

Nos dias de hoje, como todo profissional, o jornalista não encontra bons empregos facilmente e a área de assessoria tem sido uma das que oferece melhores condições de trabalho e remuneração menos aviltante.

O problema é que alguns empregadores imaginam que quando contratam um jornalista, estão, na verdade, alugando sua alma durante o tempo que durar a relação trabalhista.

Na era da Idade Mídia, onde as Redes Sociais transformam qualquer pessoa em um veículo ou até em um grupo de comunicação (Facebook, Twitter, Blog, Youtube...), algumas empresas, instituições e pessoas – principalmente políticos – passaram a ver seus assessores não apenas como pessoas que lhes dão acesso e garantem espaços na mídia, mas, também, como, eles próprios, os assessores, veículos de comunicação que, pela habilidade no uso das palavras e imagens, pela boa relação com pessoas formadoras de opinião e, por que não, pelo gosto pela visibilidade pessoal e profissional, podem lhe render notoriedade positiva e agregar valor às suas imagens.

Não há nada demais em um assessorado querer que um jornalista lhe dê o máximo de visibilidade possível. Também não há problema nenhum em um assessor utilizar seus espaços pessoais para enaltecer as qualidades e apresentar as obras de seu assessorado, principalmente quando existir afinidade ideológica entre ambos.

Mas o que está virando costume e alguns colegas não perceberam o quanto tal postura lhes desvaloriza profissionalmente é a utilização dos espaços pessoais de assessores para rebater acusações ou notícias desabonadoras contra seus patrões, quando é facilmente percebido que não há justificativas plausíveis para os atos cometidos.

Seja institucionalmente, através do órgão do qual faz parte, seja politicamente ou pessoalmente, qualquer político minimamente antenado com as novas possibilidades das mídias sociais já possui seus próprios espaços no mundo virtual. Não precisaria, a priori, que outros viessem responder por ele às acusações ou palavras desabonadoras que eventualmente lhes forem dirigidas.

Mas o que não deveria ser nem exceção tornou-se regra nas assessorias paraibanas.

Não basta mais ao assessor estar sempre atento ao buzz sobre seu assessorado nas mídias sociais e ter a capacidade para controlar o fluxo de informação a respeito de determinados assuntos, com competência, agilidade e criatividade.

Agora o assessor tem que virar cão de guarda, escudo, blindagem, colete. Tem que utilizar seu próprio espaço para responder às críticas e acusações, por vezes colocando em jogo a própria imagem.

Basta uma crítica à comunicação institucional, a repercussão de algum fato desabonador ou a expressão de uma opinião dissonante da opinião comum que se pretende estabelecer que logo surgem, não se sabe de onde, componentes de uma verdadeira tropa de choque, com ilações as mais absurdas sobre as motivações para discordar do que a mídia oficial diz ou para concordar com o que a mídia oposicionista grita.

Ao invés de cumprirem bem o seu papel de usar de maneira eficaz os canais de comunicação com a população para divulgar as reais boas ações e apresentar provas irrefutáveis que contraditem eventuais acusações, utilizam-se de toda paixão pessoal para, em nome do assessorado, desmentir, contra-atacar e até insultar quem ouse discordar de seus chefes.

De usuários obrigatórios da Verdade e da coerência, passaram a reles manipuladores da retórica.

Não sabem que com isso perdem não apenas a própria razão, como cidadãos, para exercer seu papel republicano de defensores da moralidade e fiscais da legalidade, mas, muito mais que isso, perdem toda a credibilidade construída ao longo de suas carreiras e jogam na lama os anos de estudo que lhes transformou em profissionais.

Uma coisa é defender um assessorado por mera liberalidade, como se defende um amigo, por acreditar, sinceramente, em sua boa fé. Outra coisa é meter a cara nas redes sociais levando porrada de todo lado e distribuindo insultos para pessoas que nem se conhece por questões que nem é preciso conhecer as teorias da comunicação ou sobre manipulação de massa para entender que tratam-se de malfeitos claros, indiscutíveis, aos quais cabe esclarecer e não combater, verificar e não rechaçar e, em último caso, esquecer e não ficar remoendo...

Passam a ser, no máximo, “chaleiras” de políticos que na maioria das vezes não têm coragem, eles próprios, de botar a cara na mídia na hora da crise.

Perdem, profissionalmente, os maiores valores que deve ter um bom jornalista: senso crítico, percepção da realidade e capacidade de diferenciar fato de opinião, verdade de mentira, informação de desinformação. Manipulação.

O futuro lhes mostrará os erros que cometeram, mas enquanto o futuro não chega seus próprios protegidos vão, a partir das pressões sociais cada vez maiores, admitindo suas culpas ou pagando pelos crimes cometidos, na justiça ou nas urnas.

O político que perde o poder pode recupera-lo mais na frente.

Já o jornalista que perde a credibilidade...


PS.: Como sei que assessoria não se faz assim? Simples: nenhum de meus bons professores jamais se submeteu a esse papel, até hoje...

segunda-feira, março 26, 2012

As primeiras vítimas



Não são poucos, infelizmente, os paraibanos que hoje podem se declarar “vítimas” do Governo Ricardo Coutinho.

Não que o atual Governador tenha, necessariamente, os agredido moral ou até fisicamente. Já se vão longos anos desde que Ricardo, com toda a energia de recém-eleito Deputado Estadual pelo PT, chamava o seu companheiro, o Padre Luis Couto, de “Cabra Safado”.

Hoje, as vítimas são outras e as agressões são muito mais encobertas, embora algumas sejam até mais violentas do que um discurso agressivo, como o que proferiu contra a UEPB durante a posse dos professores do Estado, acusando a Universidade de possuir uma “Casta” de privilegiados que gasta milhões do Governo e não presta contas.

Além de agredir a UEPB, o Governador conseguiu, de uma vez só, chamar de incompetentes dois outros órgãos do Estado: o Tribunal de Contas e a Controladoria Geral. 

Esses, então, foram agredidos sem nem serem citados.


E o mais curioso é que nem o Governador e nem as dezenas de assessores que lotavam as primeiras cadeiras do auditório e o aplaudiam durante o discurso em que ele, pela primeira vez, de viva voz, sem recorrer a “testas-de-ferro”, mostrou suas reais intenções ao atacar a Autonomia da UEPB, estiveram presentes ao Seminário Técnico realizado pela Universidade na última sexta-feira, quando a Reitora e os Pró-Reitores, um a um, apresentaram detalhadamente as finanças de suas pastas e se colocaram à disposição de todos para quaisquer esclarecimentos.

Perderam uma grande chance de provar suas teorias...

Outros são vítimas menos importantes para o Estado, mas tão importantes, como pessoas, quanto Ricardo ou qualquer um dos que o apoiam. Os funcionários com mais de 20 anos que foram demitidos e agora não têm como retomar suas carreiras, as crianças que tiveram suas escolas fechadas e agora sofrem para se deslocar durante horas para estudar, os fiscais que foram chamados de chantagistas por cobrarem o cumprimento de uma Lei, os concursados que o Estado se esforça para não contratar, os pacientes que morreram por falta de atendimento e, finalmente, os paraibanos como o meu futuro colega, estudante de Arte e Mídia da UFCG, Altieres Estevão da Silva, de 24 anos, que foi assassinado na noite de ontem simplesmente porque a política de segurança tão prometida ao longo da campanha simplesmente não funciona. Não funciona.

Se Altieres é a vítima mais recente do desGoverno da Paraíba, as mais antigas são, com certeza, a Deputada Estadual Daniella Ribeiro e o seu irmão, o Deputado Federal e atualmente Ministro das Cidades Aguinaldo Ribeiro.

A família Ribeiro, uma das mais tradicionais da política paraibana, foi a primeira grande aquisição de Ricardo Coutinho quando de sua decisão de concorrer ao Governo do Estado.

Acreditaram firmemente no projeto e o defenderam com todo vigor.


Foi pelas mãos de Enivaldo, liderança maior, e da filha que se revela hoje sua grande sucessora, que Ricardo veio pela primeira vez como “futuro Governador” para Campina e percorreu os bairros da cidade sob a chancela de uma família que mesmo sem o controle administrativo da cidade há décadas ainda ocupa lugar de destaque no cenário político estadual e mantém decisiva influência nos resultados eleitorais da Rainha da Borborema, principalmente dos bairros mais tradicionais da cidade.

Foi ao lado de Enivaldo, Daniella e “Aguinaldinho” que Ricardo passou a ser visto com bons olhos pela primeira vez em Campina.

E foi a partir dessa aliança que o atual Ministro deixou sua vaga na Assembleia Legislativa por alguns meses para assumir, no dia 11 de dezembro de 2009, o cargo de Secretário de Ciência e Tecnologia da cidade de João Pessoa, onde Ricardo era Prefeito.

O principal projeto da Secretaria era denominado de “Cidade Digital” e foi desenvolvido pelo antecessor de Aguinaldo, Paulo Badaró de França, ainda no primeiro semestre de 2009, portanto vários meses antes da chegada de Aguinaldo à Secretaria.

Quando Aguinaldo chegou à Secretaria todas as negociações já estavam feitas. Licitações, contratações, pagamentos, tudo. O papel do então Secretário foi apenas de acompanhar os últimos detalhes da instalação e de fazer o lançamento, no dia 19 de março de 2010, pouco antes de se desincompatibilizar do cargo pelo fato de ser candidato nas eleições seguintes.

Ou seja, Aguinaldo, durante sua passagem pela Secretaria, que servia muito mais para torna-lo mais conhecido em João Pessoa, como sua família fazia com Ricardo em Campina, não foi responsável nem pela implantação do serviço e muito menos pelo seu mal funcionamento, que ocorreu logo em seguida ao lançamento

Seu pecado foi ter sua imagem em João Pessoa umbilicalmente ligada ao projeto, que jamais funcionou como prometido e que agora se transforma em um grande problema por causa das inegáveis irregularidades que contém.

O que tranquiliza a família Ribeiro e todos os que se orgulham de ter um paraibano em um importante Ministério Federal é que a própria reportagem que denunciou o caso, embora tivesse claro objetivo de atingi-lo, serviu, em si própria, de prova a seu favor, já que não conseguiu apresentar qualquer documento oficial no qual seu nome apareça. Apenas um vídeo da internet da festa de inauguração.

O atual Governador, que era Prefeito antes e depois de Aguinaldo, a exemplo do que vem fazendo em todas as reportagens nacionais recentes sobre aspectos negativos da administração pública paraibana, não se pronunciou.

Os gestores da Prefeitura, bem como o atual Prefeito, que não ocupavam os cargos na época, se esquivaram de dar entrevistas e o Secretário Estadual que se dispôs a falar botou a culpa pelo superfaturamento no sistema de Licitação, como se não fosse obrigatório para a Prefeitura, como licitante, zelar pelo interesse da população e verificar se os preços apresentados estavam de acordo com o que pratica o mercado.

No final das contas, com a simples análise da matéria e uma leitura rápida dos documentos disponibilizados por todas as partes, é fácil perceber quem praticou o ilícito e quem, apesar de apontado como suspeito, é, na verdade, mais uma vítima do Governo Ricardo, antes mesmo de Ricardo chegar ao Governo, o que não deixa de ser um paradoxo.

O que o Ministro provavelmente não irá esquecer tão cedo, também, é a postura de alguns defensores oficiais do Governo, que na ânsia de tirar das costas do atual Governador a responsabilidade de gestor à época do malfeito, alegam que o problema é entre o Ministro e a Mídia, sem sequer trazer à baila o nome do Secretário que realmente teve responsabilidade e tentando fazer a população entender que realmente o projeto teve problemas e que agora a “nova administração” os está corrigindo.

Nessa história, se Aguinaldo foi vítima antes mesmo da campanha começar, Daniella foi vítima já da estratégia de campanha, retirada da chapa majoritária e sem qualquer outro espaço garantido no grupo, mesmo havendo um compromisso público e notório, à undécima hora.

A diferença é que se Aguinaldo hoje deve lamentar muito aqueles poucos meses como Secretário da Capital, que agora lhe rendem tanta dor de cabeça, Daniella provavelmente sente-se extremamente aliviada de não estar sendo obrigada a fazer parte - se é que se submeteria a isso - do que aconteceu à Paraíba depois do “balão” que levou.

E se há males que vêm para o bem, que o Bem venha logo...

A Educação que atrapalha



Desde que assumiu o Governo da Paraíba, em 2011, Ricardo Coutinho vem colecionando insatisfações em todas as áreas.

Para algumas, é aceitável a justificativa de que para fazer uma omelete é preciso quebrar os ovos. É o caso da Cultura, onde o Secretário Chico César bateu o pé e afirmou que o Estado só investe seus recursos em eventos e artistas que efetivamente tenham relação com a cultura paraibana/nordestina e que festas que contratem estrelas sem reconhecido valor cultural devem banca-las com verbas de outros patrocinadores. Certíssimo. Vamos ver se neste ano de campanha eleitoral municipal o discurso sobrevive. Ou se sobrevive o secretário.

Noutras áreas, os motivos que levaram à tomada de medidas heterodoxas foi o interesse da população e a necessidade de que os cidadãos da Paraíba não sofressem qualquer tipo de desatenção causada por problemas entre o Estado e seus funcionários.

Assim ocorreu na Saúde, quando o Estado buscou a parceria com organizações privadas para suprir as carências da área provocadas pela falta de entendimento entre o Governo e segmentos do setor. O problema é que a Administração tentou transformar em permanente o que deveria ser emergencial e temporário, admitindo, com isso, a falta de competência para gerir seus mais importantes equipamentos de Saúde Pública. Agora a Justiça reconhece a arbitrariedade e o Governo terá que reassumir as funções para as quais o elegemos, sob pena de que tenhamos, outra vez, o caos vivido no início da atual administração.

Na área da Segurança, as promessas da campanha, de resolver a situação em poucos meses e de implementar na Paraíba uma política exemplar, transformaram-se em um imenso pesadelo. A escalada da violência aumentou e ultrapassou as fronteiras das comunidades sob risco social e das áreas urbanas. Hoje o paraibano vive com medo, não apenas de ser assaltado em plena luz do sol, mas, principalmente, de morrer a qualquer momento, em qualquer lugar do Estado, vitimado por uma política de segurança que definitivamente não mostrou a que veio e que não sofreu nenhum tipo de intervenção do Governo, fosse efetuando mudanças na estrutura inerte ou oferecendo-lhe as condições necessárias para que finalmente conseguisse fazer agora o que prometeu para mais de um ano atrás.

Com o FISCO o Governo travou – e ainda trava – uma batalha que demonstra claramente o estilo impositivo e monológico da atual administração. Mesmo com imensas perdas para os cofres do Estado, o Governo não cedeu às reivindicações da categoria e chegou a fazer profundas mudanças em sua estrutura administrativa apenas para enfraquecer o setor e implementar políticas de controle que retiram dos Agentes Fiscais conquistas históricas e comprovadamente benéficas para as finanças estaduais. Apenas para se vingar de uma categoria que não se dobrou às suas vontades, o Governo tomou medidas que prejudicariam todos os paraibanos, mas que, em boa hora, foram revogadas pela Assembleia Legislativa, que corajosamente desfez a arbitrariedade do poder executivo.

Na Agricultura, outra área na qual o então candidato apresentava-se como redentor, a Paraíba continua se arrastando. Enquanto os Estados vizinhos implementam programas e políticas de fortalecimento do agronegócio em todas as suas esferas, o nosso Governo até agora revela-se pior do que as últimas administrações e sequer dá prosseguimento a políticas reconhecidamente vitoriosas implementadas por Governos do passado.

Moradia era outra bandeira de campanha do então governador. Baseado em uma administração muito bem sucedida nessa área em João Pessoa, cujo crédito, na verdade, pertence ao atual Prefeito, brilhante urbanista, Ricardo Coutinho vendeu para muito breve uma Paraíba cheia de casas populares, que dariam fim às favelas e taperas que continuam se espalhando por todo lado.

No quesito emprego, um ponto que poderia ser considerado positivo. Embora o Governador tenha sido desmentido recentemente pela Superintendente da CINEP, que afirmou em programa de rádio que apenas parte das 87 empresas por ele anunciadas eram novas e a maioria, em verdade, eram expansões, o Governo tem conseguido oferecer vantagens competitivas para ampliar a oferta de emprego no Estado, mas é preciso analisar a qualidade desse emprego.

Os dois call-centers que estão se instalando em Campina e João Pessoa, por exemplo, fazem parte de um setor que ocupa lugar de destaque entre os piores lugares para se trabalhar no mundo. Nas indústrias que se anuncia, observa-se a necessidade de mão de obra pouco qualificada. Na maioria das vezes, nem ensino técnico é necessário. Basta saber ler e escrever para trabalhar e isso, definitivamente, não é bom para o Estado, num momento em que o Governo Federal aposta na Ciência e Tecnologia como caminho para tentar alcançar asiáticos e indianos, que há muito tempo sacaram que indústria de base ou com mão de obra pouco qualificada não traz avanços para povo nenhum.

A Educação termina sendo, assim, o grande tema do atual Governo.

A mentalidade adotada parece ser a ditada pela teoria econômica ultrapassada, onde é muito mais barato ensinar o básico e mandar o sujeito logo para o mercado do que mantê-lo agregado ao sistema de ensino por mais tempo e construir uma sociedade mais desenvolvida intelectualmente e, principalmente, politicamente mais crítica.

Pelo jeito, a estratégia atual é fazer apenas uma discreta atualização no modelo coronelista arcaico, propiciando o surgimento de uma economia baseada em uma oferta de empregos de baixa qualidade, que atenda toda a demanda de uma grande massa de trabalhadores limitados do ponto de vista intelectual e que, apesar de economicamente ativa, seja politicamente passiva e dependente indireta do Estado, que a mantém empregada através das concessões feitas aos seus empregadores, que, por sua vez, graças à margem de lucros ocasionada por essas concessões, consegue viabilizar eleitoralmente o esquema que lhe oferece as benesses que reivindica.

É, na verdade, uma grande roda viva.

O Governo oferece vantagens, a empresa se instala ou se mantém no Estado e contrata seus cidadãos mal capacitados, pagando salários baixos e oferecendo poucas condições de trabalho e progredimento. O lucro gerado por essa operação banca o projeto de poder e mantém o Governo no controle do Estado, para que ele possa continuar oferecendo as vantagens.

Todos ganham, menos o Povo, que se vê condenado a uma realidade surreal, que o faz sair da miséria mas não lhe permite alcançar patamares mais altos de qualidade de vida e, principalmente, desenvolver em si mesmo, através da Educação, as ferramentas necessárias para elevar-se e fazer progredir a sociedade na qual vive.

E assim perdemos gerações...

Nessa nova proposta de realidade, o ensino superior, com ênfase na pesquisa, no estudo das questões sociais e no desenvolvimento de modelos de economia baseados em ciência e tecnologia de ponta não combina com o estilo “novo-coronelista” para o qual caminhamos. Sendo assim, o ensino superior de qualidade, com foco na formação de seres pensantes, críticos e naturalmente desafiadores do status quo, e, principalmente, os desdobramentos sociais e culturais desse tipo de política educacional, não interessam. Muito pelo contrário, atrapalham.

E se é para atrapalhar, para que existir?

domingo, março 25, 2012

O Cliente Amador



Faz tempo...
Foi na época em que eu trabalhava no Studio NOAR, há uns 15 anos, que comecei a fazer, além das partes técnica (fotografia, iluminação, edição etc.) e criativa (conceito, ideia, roteiro etc.)  em publicidade e propaganda audiovisual, também a parte de produção.

Na verdade não gosto dessa área e fui obrigado a fazer isso porque eu não tinha como realizar os projetos que desenvolvia sem que tivesse toda uma estrutura para viabiliza-los, então comecei a cadastrar pessoas, lugares, prestadores de serviços e quando aparecia algum filme eu contatava todo mundo, fazia o orçamento e repassava para o cliente.

Certa vez fui chamado, em cima da hora, como sempre, para produzir o filme de uma famosa boutique campinense.

O filme não tinha nada de criativo. Uma música legal, modelos produzidos em locações interessantes e pronto.

Entrei em contato com todo mundo, calculei os custos e já na véspera das gravações passei o orçamento para a corretora que atendia à cliente.

Nessa época um VT basicão custava, em média, uns R$ 400,00 e o meu orçamento deu uns R$ 2.000,00. A cliente me ligou depois de receber a proposta e quase me “engolia”. Me disse que eu estava louco e até insinuou que eu queria rouba-la por ela não ser “da área”.

Como o filme estava agendado para entrar no ar uns dois dias depois, a dona da loja disse à corretora que contratasse apenas a “filmagem” e do resto ela se encarregaria.

No dia marcado, a equipe foi até a loja. Ao chegar, perguntaram à dona o que seria gravado. Como “pans” e “zooms” das prateleiras já eram mico naquela época e ela lembrava muito bem do que eu havia proposto em meu roteiro, mesmo sem se preocupar em estar roubando minhas ideias, assumiu ela mesma o papel de produtora.

Inicialmente, ligou para duas amigas que tinham filhos jovens e bonitos e os convidou para participar. Duas horas depois, os três – duas meninas e uma rapaz – estavam na loja, com as caras lavadas.

Corre e chama uma cabelereira e uma maquiadora!

Depois de cinco horas – lá pelas 15h – finalmente estavam todos prontos.

Onde vamos gravar? Perguntou o cinegrafista. A dona da loja, mais uma vez, lembrou das locações que eu havia proposto e disse os lugares. O cinegrafista perguntou, então, quem iria dirigir a produção e como o pessoal iria para as locações, pois no carro da produtora só cabiam a equipe técnica e os equipamentos.

A dona da loja então colocou todo mundo – modelos, maquiafora e cabelereira – em seu carro e foram para a rua.

Começaram a gravar às 16h. Às 17h20 a luz foi embora e nem um quinto das roupas havia sido gravado. Como o filme era de primavera-verão, o ideal era que fosse gravado com luz natural. Resultado: gravação suspensa até o dia seguinte.

No dia seguinte, todo mundo na loja de novo, duas horas para que estivesse tudo pronto e “vamo simbora” gravar.

Assim como no dia anterior a cliente levou os “modelos” para lanchar, no segundo dia foi todo mundo almoçar por conta dela, para não perder tempo. E ela não levaria os filhos das amigas para qualquer lugar. Foi coisa chique...

As gravações terminaram outra vez ao por do sol.

No terceiro dia, já no deadline para entregar na TV, editei o material com uma música de um CD que a cliente mandou (bem parecida com a que eu propus) e mandei uma cópia, pela corretora, para aprovação.

A cliente assistiu e adorou o resultado.

Ligou para agradecer pela edição, sem saber que quem havia editado era o “ladrão” de dois dias atrás. Quando atendi, ela reconheceu minha voz e ficou constrangida, mas mesmo assim elogiou a qualidade da edição e disse que o filme havia ficado muito bom.

Eu, para não perder a oportunidade, elogiei todo o trabalho de produção que ela desempenhou e perguntei, como quem não quer nada: - Se fosse para cobrar pelo seu trabalho, quanto seria?

A mulher quase caiu no choro e desabafou: - Perdi dois dias de trabalho, gastei mais do que você me cobrou com transporte, alimentação, maquiagem, cabeleireiro, deixei de resolver minhas coisas, não paguei cachê mas tive que presentear os modelos com roupas que valiam muito mais do que os modelos que você propôs cobravam. Deus me livre! Nunca mais eu faço isso!

No final, calculando tudo, inclusive o trabalho de gravação, que aumentou muito por causa dos problemas de logística, o filme deve ter custado umas três vezes mais e, sinceramente, apesar do esforço para editar, ficou extremamente brega.

Moral da história: você não se atreveria a fazer você mesmo o trabalho de um médico ou de um engenheiro. Ao se meter no trabalho de quem produz filmes, graças à impressão equivocada de que é tudo muito fácil e divertido, a única coisa que você consegue é aprender da pior maneira que quem trabalha com isso também precisa ter grande competência técnica e artística e que os curiosos, além de motivo para piadas e causos no meio, ao investirem seu tempo e dinheiro no amadorismo, não só “contratam” os piores fornecedores como têm os piores resultados.

Essa história é antiga e a lógica é que fosse coisa do passado, mas as novas tecnologias e a popularização dos recursos, ao invés de diminuir esse tipo de evento, o tem multiplicado. 

Se multiplicam no mercado os “espertos” que acham que quem cobra justamente pelo seu trabalho quer rouba-los e se metem a tentar fazer eles mesmos ou através de amigos que “mexem” com isso, para conseguir “baratinho” o que acham caro.

Algumas poucas vezes o resultado nem é tão ruim, mas a regra geral é mesmo de fracassos completos ou parciais, baixíssima qualidade e prejuízos financeiros e comerciais.

Para quem trabalha na área e tem a capacidade e competência necessárias, felizmente é isso que garante, desde que não se dobre às propostas de trabalhar na base do arranjo ou da gambiarra, não precisar se render a esses que são amadores até como clientes.


sexta-feira, março 23, 2012

UEPB: O que o Governo diz X A Verdade


Como diria aquela professora do "primário", analise a segunda coluna de acordo com a primeira...

O GOVERNO DIZ...
A VERDADE É QUE...
...que a Lei da Autonomia determina apenas 3% da Receita como repasse mínimo à UEPB.
...a Lei determina esse percentual para o ano de 2005 e estabelece que havendo aumentos estes não podem mais ser retirados.
...que investe, proporcionalmente, mais do que o Estado de São Paulo investe na USP.
...o Governo de São Paulo mantém, além da USP, outras duas Universidades Estaduais – UNICAMP e UNESP – e transfere para o ensino superior 9,57% do seu ICMS. Só a USP recebeu, em 2011, mais de 3,5 bilhões. A UEPB recebeu R$ 196 milhões, que representa apenas 5,5% disso.
...que a UEPB não sabe gerenciar seus recursos e que os custos da Universidade são altíssimos.
...o custo médio por aluno da UEPB é de R$ 9,8 mil, enquanto o custo da USP, utilizada como parâmetro pelo Governo, é de R$ 40 mil por aluno. Aqui na Paraíba, o Governo Federal investe na UFPB R$ 29 mil por aluno e na UFCG R$ 25 mil por aluno.
...que a UEPB recebe mais do que o Tribunal de Contas, O Ministério Público e a Assembleia Legislativa.
...em 2011 o TCE, que tem 448 servidores, recebeu R$ 83 milhões; o MPE, que tem 867 servidores, recebeu R$ 140 milhões; a Assembleia, que tem 1.383 servidores, recebeu R$ 194 milhões e a UEPB, que tem 1.902 servidores e mais de 20 MIL ALUNOS, apenas na Graduação (sem contar pós-graduação, ensino à distância, ensino médio e cursos de extensão), recebeu R$ 196 milhões. De fato os repasses são maiores, mas o número de beneficiados da UEPB também é infinitamente maior que todos os outros, JUNTOS.
...que a UEPB tem um número estratosférico de “comissionados”.
...apenas 15,98% dos servidores da UEPB não são concursados e recentemente foram feitos concursos para funcionários e professores que vão diminuir este número para aproximadamente 7%. A Assembleia Legislativa tem 48,66%, o Ministério Público tem 41,75%, o Tribunal de Justiça tem 38,52% e o próprio Governo do Estado tem 28,87% de comissionados. Enquanto a UEPB tem 304 e deve diminuir para menos de 200, o Governo tem 32.766 servidores não concursados (mais de 100 vezes mais!) e quando faz concursos ou não convoca todos os aprovados ou permanece com os comissionados.
...que com o índice de 4,53%, previsto para 2012, repassará à UEPB mais do que em todos os anos seguintes à Autonomia.
...a Lei da Autonomia determina que o Governo não pode repassar em um ano menos do que repassou em anos anteriores. A UEPB possui um documento assinado pelo próprio contador geral do Estado declarando que em 2009 o Governo repassou 5,52%. Sendo assim, é este o mínimo que o Estado pode repassar sem desrespeitar a Lei da Autonomia.


Segue abaixo o documento que comprova o repasse de 5,52% em 2009:


sábado, março 17, 2012

Não foi só uma vaia



Na última sexta-feira, por volta do meio-dia, começaram a pipocar nas redes sociais e programas de rádio, repercutindo mais tarde nos sites de notícias e telejornais, notícias sobre uma possível “agressão moral” sofrida pelo Governador Ricardo Coutinho durante a solenidade de posse dos professores aprovados no último concurso do magistério.

Os algozes, dessa vez, teriam sido alunos, professores e funcionários da Universidade Estadual da Paraíba, que teriam invadido o local da solenidade empunhando faixas de protesto e gritando frases em defesa da UEPB.

Pelas redes sociais, assessores do governo começaram a denunciar o desrespeito dos protestantes utilizando a hashtag #vergonhauepb. Não sei se foi por causa do pouco tempo para pensar na resposta, mas os assessores acertaram em cheio no “mote”. Os vídeos divulgados no youtube mostram exatamente isso. Dá pra ver no semblante do Governador o quanto ele está com VERGONHA DA UEPB. Afinal, um cara que fez o que ele fez com a ÚNICA Universidade brasileira que possui uma LEI garantindo sua Autonomia Financeira, tem é que estar morto de vergonha mesmo.

Mas o que a agilíssima assessoria de comunicação do Governo esqueceu de divulgar foi que a última sexta-feira transformou-se, na verdade, em um “Batismo de Fogo” para os mais de 800 professores que estavam presentes ao Espaço Cultural, a maioria deles de outras cidades, que receberam convite para tomar posse de seus cargos e não para uma maratona de espera, desorganização, desrespeito e maus tratos, como mostra o relato que recebi de um dos novos professores do Estado, que estava presente à “solenidade” e que transcrevo a seguir:

7h00 – Peguei o ônibus de Campina para João Pessoa, após ter sido obrigado a chegar na rodoviária às 5h30 para garantir minha vaga, me perguntando porque o Estado não descentralizou essa posse e obrigou gente de muito mais longe a ter que se locomover centenas de quilômetros apenas para assistir ao seu discurso quando ele podia dar posse diretamente nas diversas regiões de ensino espalhadas pelo Estado. Porque é tão importante que tenhamos que vê-lo pessoalmente no ato da posse se fomos todos aprovados por nossos próprios méritos e ele não nos presta favor nenhum empossando-nos? Será que ele faria tanta questão de nos ver se fossemos para reivindicar nossos direitos?

9h00 – Cheguei correndo no Espaço Cultural, exatamente no horário marcado para a solenidade de posse.

12h00 – Depois de duas horas esperando, finalmente disseram que o Governador havia chegado e a solenidade seria iniciada. Nesse momento me veio à cabeça pela primeira vez que nós, professores, não éramos, de fato, as pessoas mais importantes da solenidade.

13h00 – Durante o discurso do Governador, entra no auditório uma galera da UEPB, segurando faixas e entoando palavras de ordem em defesa da UEPB. O Governador os saúda e os convida para sentar e acompanhar a solenidade, mas eles não sentam, até porque não havia mais lugares, pois, além de nós professores e de alguns familiares, havia um monte de gente do Governo do Estado e até uma candidata a Prefeita de João Pessoa, que na verdade é secretária da Prefeitura da Capital, acompanhada de um monte de assessores. O Governador, então, tentou seguir com o discurso e os manifestantes, também, continuaram com o protesto. A certa altura um dos manifestantes pediu a palavra, dando a entender que se o Governador os ouvisse eles falariam o que tinham a dizer e sairiam. Neste momento alguns assessores do Governo saíram de seus lugares e foram em direção aos manifestantes fazendo gestos para que eles se retirassem e outros correram para fora do auditório, voltando logo em seguida com reforço policial. Àquela altura, nós, depois de várias horas de estrada e outras de espera, já tínhamos perdido a paciência com os protestantes e passamos a pedir também para que eles saíssem, enquanto a polícia os conduzia para fora do recinto.

14h00 – Terminada a solenidade – e a confusão – pensei: “finalmente vou-me embora, já como professor empossado.” Que nada! O Governador terminou seu discurso e foi embora, acompanhado de seus muito assessores e, inclusive, da secretária-candidata, e nos deixou entregues a uma equipe de poucos funcionários que, então, nos envolveram em uma verdadeira teia de burocracia e desorganização. Primeiro nos dividiram por letras. Bom para mim, ruim para todos os “J” e todas as “M”, mas aí nos colocaram em uma fila única. Como assim, fila única para atendimento por letras?

17h00 – Nem metade dos concursados havia sido atendida. Alguns desistiram ou tiveram que ir embora por terem que pegar ônibus para suas cidades (duas meninas saíram chorando), uma senhora que estava com a filha passou mal e teve que ser levada a um hospital e várias pessoas foram impedidas de tomar posse porque havia problemas em seu cadastramento. Sacanagem fazer uma pessoa esperar cinco horas para só depois dizer que ela deveria ter trazido determinado documento que não havia sido pedido antes.

18h00 – Começa um movimento estranho no auditório. Policiais militares chegam e se dirigem à sala onde está sendo feito o atendimento. Ficamos todos tensos pensando que alguém poderia ter agredido os funcionários lá dentro. Depois os policiais saem e ficam diante da porta de acesso ao local de atendimento. Alguns funcionários saem andando rapidamente, sem olhar para nós, professores, achando que não estávamos percebendo o que estava acontecendo.

18h30 – Notando que não ia ser possível simplesmente nos mandar embora porque “o expediente dos funcionários acabou”, chega ao local uma equipe de policiais com boinas vermelhas, que logo apelidamos de BOPE Paraíba, provavelmente para garantir a integridade física dos funcionários que queriam encerrar o expediente. Impressionante como em poucas horas passamos de "bem vindos companheiros" para "se eles reagirem, desçam o pau"!

19h00 – Depois de muitos protestos e de, segundo um dos seguranças, orientação da Secretaria de Comunicação (não deveria ser de Educação?), talvez pelo fato de muita gente estar gravando tudo com seus celulares, fomos avisados que os funcionários permaneceriam trabalhando e que seríamos todos atendidos.

22h30 – Exatamente 17 horas depois de ter saído de casa, finalmente fui atendido por pessoas que pareciam muito mais cansadas do que eu e nada satisfeitas de estar ali numa noite de sexta-feira. Entreguei tudo que tinha levado, assinei o que me pediram e corri para a rodoviária para tentar voltar para Campina. Não consegui e tive que me socorrer de um amigo pessoense que me deu abrigo. Ainda nem sei quando começo a trabalhar e já gastei boa parte de meu primeiro salário apenas para tomar posse.

23h40 – Uma amiga que ficou esperando me liga para dizer que ainda estava na fila, sem previsão de ser atendida.

Fim da História.

Ou, melhor, início de uma nova história na vida de mais de mil novos funcionários públicos paraibanos, que, alguns, foram obrigados a gastar o que não tinham para participar de um evento onde foram desrespeitados e usados, sem nenhuma culpa, como massa de manobra contra pessoas que se defendem de ataques que eles mesmos, com certeza, deverão ser vítimas pelo menos pelos próximos três anos.

Mas o tempo ensina e eles terão a chance de se arrepender por terem caído na lábia do Governador assim que precisarem do apoio dos companheiros da UEPB em suas próprias batalhas e a Universidade, como sempre fez, oferecer-lhes seu apoio incondicional.

sexta-feira, março 16, 2012

Ricardo x UEPB: Novas Perguntas, as mesmas Respostas



Com a volta às aulas na UEPB tenho encontrado vários colegas e alunos ainda com dúvidas sobre a questão da quebra da Autonomia Financeira.

Para a maioria, indiquei um texto que postei aqui no Blog logo que foi confirmado o golpe do Governo nas finanças da Universidade e boa parte deles achou suficiente, mas outros desenvolveram dúvidas mais recentemente, principalmente sobre como ajudar seus familiares, amigos e colegas de fora da comunidade acadêmica a entender melhor esse problema todo.

Atendendo a esses pedidos, no mesmo esquema da postagem já citada, tentei desenvolver outro texto de perguntas e respostas, que esclarece as mesmas questões de maneira ainda mais simples e que já traz à luz outras questões, mais recentes, e novos documentos, tão contundentes quanto os já apresentados anteriormente.

Utilizando-me das possibilidades do hipertexto, convido você que quiser PROVAS de tudo o que afirmo aqui para "clicar" nas palavras em azul, que levam a documentos, notícias e vídeos que ajudam a entender ainda melhor o que apresento.

Seguem as PERGUNTAS E RESPOSTAS:


Pergunta: O que é Autonomia Financeira?

Resposta: No caso de uma Universidade, Autonomia Financeira é a pré-condição fundamental para que existam também as autonomias administrativa, acadêmica e científica, que, juntas, significam o direito de decidir como serão investidos os recursos públicos que o Estado repassa sem que os Governos possam impor o que a instituição pode ou não pode fazer. Veja AQUI uma explicação sobre autonomia dada pelo Professor Rangel Júnior, Pró-Reitor de Planejamento da UEPB.


Pergunta: Por que a Autonomia é tão importante?

Resposta: Porque sem a Autonomia o Governo pode, através da pressão econômica, forçar a Universidade a mudar suas políticas internas, prejudicando o andamento de seus projetos e inviabilizando qualquer tipo de planejamento ou planos de expansão. Em seu pronunciamento durante a sessão da Assembleia Legislativa da Paraíba que aprovou a Lei da Autonomia, em 2004, o então Deputado Ricardo Coutinho afirmou que a Autonomia servia para que a Universidade não sofresse “intervenções e nem asfixia econômica por parte do governante de plantão”. Veja o pronunciamento do Deputado AQUI.


Pergunta: O que garante a Autonomia da UEPB?

Resposta: A Lei Estadual Nº 7.643, criada em 2004, no Governo Cássio Cunha Lima, que determina que a Universidade terá uma parte de tudo o que o Estado arrecadar, estabelecida pela lei orçamentária de cada ano e repassada em doze parcelas mensais (duodécimos), não podendo nunca o Estado repassar em um ano percentual menor do que repassou em anos anteriores. Veja a Lei da Autonomia da UEPB AQUI.


Pergunta: O Governo diz que só precisaria repassar 3%. É verdade?

Resposta: É Mentira. A Lei diz que no primeiro ano de sua vigência o Estado não poderia repassar menos de 3% de sua receita ordinária, mas nos anos seguintes, caso aumentasse esse percentual o Governo não poderia mais reduzi-lo. Veja uma declaração da Secretária Aracilba Rocha dizendo que o Governo só precisaria pagar os 3% AQUI.


Pergunta: E quanto é o percentual mínimo atualmente?

Resposta: Em 2009 o Estado repassou para a UEPB 5,52% de sua receita ordinária. Pela Lei em vigor o Governo atual não pode repassar nada a menos do que isso. Veja o documento comprovando, assinado pelo Contador Geral do Estado, AQUI.


Pergunta: Por que a UEPB quer que o Governo lhe repasse 5,77%?

Resposta: Porque esse foi o valor que o Governo incluiu na Lei Nº 9.658, que “fixa a Despesa do Estado para o Exercício Financeiro de 2012”. Se o Governo previu e até sancionou uma Lei estabelecendo esse percentual, a UEPB tem o Direito de lhe cobrar que cumpra sua Palavra. Veja a Lei AQUI e o Quadro de Detalhamento da Despesa do Governo AQUI.


Pergunta: Nos anos de 2010 e 2011 o Governo repassou à UEPB menos do que a Lei da Autonomia estabelece. Por que a UEPB não cobrou?

Resposta: A UEPB cobrou sim, e continua cobrando. O Governo foi que prometeu e não pagou. Hoje o Governo está devendo mais de 60 milhões referentes a 2010 e 2011. Se estes valores forem somados aos percentuais efetivamente pagos, estarão dentro dos percentuais estabelecidos pela Lei da Autonomia. Veja notícia sobre o débito de 19,1 milhões referentes à folha de dezembro de 2010 AQUI.


Pergunta: E por que o Governo não pagou?

Resposta: No início de 2011, o Governador se reuniu com representantes da Reitoria e alegou que o Estado se encontrava em dificuldades financeiras e não poderia pagar o débito de 2010, além de não poder cumprir os repasses daquele ano, se comprometendo a regularizar a situação no início de 2012, quando conseguisse sanear as finanças do Estado. Em uma das reuniões, o Governador declarou que “vamos corrigir a falha deixada porque, para nós, o que importa é o crescimento da Instituição”. Em setembro de 2011 o Governador deu várias entrevistas anunciando que já havia equacionado a economia estadual. Veja a notícia sobre o pedido de "paciência" do Governador AQUI.


Pergunta: O Governador diz que está cumprindo a Lei da Autonomia. É verdade?

Resposta: É MENTIRA!


Pergunta: Que provas a UEPB tem de que sua Autonomia está sendo desrespeitada?

Resposta: Do ponto de vista operacional, agora o Governo do Estado pode interferir na hora que quiser na conta corrente para a qual repassa os recursos a serem utilizados pela Universidade. Assim, se o Governo não concordar com algum investimento feito pela UEPB, pode impedir que a instituição cumpra suas obrigações financeiras. Só isso já configura de maneira efetiva a quebra da Autonomia. Do ponto de vista legal, três documentos se destacam: 1. A Lei da Autonomia, que diz que o Estado é obrigado a repassar em um ano no mínimo o percentual que repassou nos anos anteriores. 2. Ofício assinado pelo Contador Geral do Estado, que declara que em 2009 o Estado repassou à UEPB 5,52% de sua Receita Ordinária. 3. A Lei Orçamentária de 2012, que fixa como valor a ser repassado à UEPB o equivalente a 5,77% da Receita Ordinária. Veja os documentos, mais uma vez, AQUI, AQUI e AQUI.


Pergunta: O Governador afirmou que a UEPB não “presta contas” dos recursos que recebe do Estado. É verdade?

Resposta: É MENTIRA. As finanças da UEPB são fiscalizadas pelo Tribunal de Contas do Estado e pela Controladoria Estadual. Além disso, em sua estrutura interna, o orçamento da instituição e todas as suas despesas e projetos são submetidos à análise e aprovação do Conselho Universitário – CONSUNI, e do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão – CONSEPE. Ambos os conselhos têm participação de Professores, Funcionários, Alunos e de representantes da sociedade. Além de tudo isso, a UEPB disponibiliza em sua página na internet um espaço denominado “Transparência”, onde qualquer pessoa pode ter acesso a todos os dados financeiros institucionais. Acesse o site "Transparência UEPB" AQUI.


Pergunta: Algumas pessoas dizem que a Lei da Autonomia é “confusa”. É verdade?

Resposta: A UEPB é a ÚNICA Universidade do Brasil que possui uma Lei para garantir sua Autonomia. Como toda Lei inédita, ela é passível de ajustes que possam torna-la mais clara e a própria UEPB vem tentando desde 2005 negociar esses ajustes, mas isso não dá razão para que a Lei seja desrespeitada. O Senador Cássio Cunha Lima, por exemplo, declarou recentemente que em sua época de governador “quando existia essa dúvida, sempre decidia em favor da tese que era defendida pela Universidade”. Ouça a declaração de Cássio AQUI.


Pergunta: O Governador disse na campanha que pretendia “expandir a UEPB ainda mais, consolidando cada vez mais sua Autonomia Administrativa e Financeira e valorizando a Universidade como instrumento do processo democrático”. Após assumir o Governo, ele afirmou que “Nós respeitamos e defendemos a autonomia da UEPB”. Na Lei Orçamentária de 2012 ele fixou o percentual de 5,77% para a Universidade. Por que ele mudou de ideia?

Resposta: Essa resposta, só o Governador sabe.


Veja o vídeo completo de como o Governador mudou de opinião em relação à UEPB AQUI.

terça-feira, março 13, 2012

Todos À LUTA!



Os professores da UEPB, em mais uma assembleia na qual a diretoria do Sindicato perdeu enorme oportunidade de mostrar o seu compromisso com a agremiação e seus associados, decidiram, na tarde de hoje, NÃO paralisar suas atividades.

Disseram NÃO à greve.

Disseram NÃO ao presidente que tenta transformar o Sindicato em massa de manobra do Governador que ataca a Educação da Paraíba.

Na mesa técnica realizada na tarde de ontem, o Governo mostrou mais uma vez toda sua intransigência e afirmou que não repassará NEM UM TOSTÃO A MAIS do pouco que vem  repassando à Universidade diante de suas necessidades e do que o próprio Governo previu repassar na Lei Orçamentária do corrente ano.

Se já tinha ferido de morte a Autonomia, agora matou de vez a esperança de qualquer tipo de acordo.

Provou, finalmente, que a tão propalada disposição para dialogar não passava de um grande mise em scène para enganar, mais uma vez, a opinião pública e a comunidade acadêmica, enquanto ganhava tempo e tentava fazer a poeira baixar.

Mas a poeira não baixou.

Agora é que a poeira vai subir!

Vencido o fantasma da greve dos professores e confirmada a atitude fraudulenta do Governo do Estado para com a UEPB, seus Professores, Funcionários e, principalmente, seus Alunos e todas as milhares de pessoas beneficiadas por suas políticas educacionais, sociais e culturais, É CHEGADA A HORA DA VERDADE!

É agora que VOCÊ precisa levantar sua voz e dizer QUAL É A UNIVERSIDADE QUE VOCÊ QUER!

A "UEPÉBA" de antigamente ou "A UNIVERSIDADE DA PARAÍBA" dos dias atuais?

Chegou a hora de parar de perguntar o que essa Universidade pode fazer por você para começar, você, a fazer alguma coisa pela UEPB!

Se você é Professor, não espere que o sindicato o defenda. O sindicato, está provado, quer usar você! Ele não tem dignidade para representa-lo perante a administração central e ainda vai tentar vender a sua dignidade ao Governo.

Venha você mesmo para a Luta! Sem intermediários!

Use sua inteligência, sua independência e seu poder de discernimento para concluir, você mesmo, quem quer de fato o bem da UEPB e o crescimento da instituição e quem está querendo usar sua própria classe para auferir ganhos pessoais e tentar viabilizar vitórias particulares que seriam desastrosas para a Universidade.

Se você é Funcionário, pergunte a si mesmo no que essa greve sem sentido pode lhe ajudar para conseguir as condições de trabalho que você quer e merece.

Use sua consciência e procure entender como a categoria dos servidores está se desvalorizando por fugir da frente de batalhas no momento mais importante da guerra. Saiba que a instituição vai se lembrar, no futuro próximo, quem esteve ao lado dela na luta e quem se eximiu de suas responsabilidades. Ainda é tempo de reassumir o seu papel nessa história e fazer valer a sua força.

Muitos não fugiram à luta! Se ainda não o fez, junte-se a eles!

Se você é Aluno, procure saber como era a UEPB antes da Autonomia e você saberá o que, de fato, o assalto do Governo ao cofre da instituição pode representar para a sua formação acadêmica daqui por diante.

Você descobrirá que a UEPB era uma instituição sustentada pelo amor à Educação de seus professores, funcionários e alunos e que só chegou aonde está pelo fato deles transformarem esse amor em força para lutar e conquistar a Universidade com a qual você convive hoje.

Pense, sobretudo, nos seus familiares e amigos mais novos, nos filhos que um dia terá e nos seus irmãos paraibanos de cidades que ainda não têm a graça de poder contar com um campus universitário. Eles poderão não ter o privilégio que você está tendo, de se formar em uma profissão de nível superior e ser reconhecido como egresso de uma instituição respeitada em todo o Brasil e no Exterior.

Eles poderão ser condenados ao passado que a maioria de nossos pais viveram.

Lute pelo ensino que você tem, que nossos pais não tiveram e que as futuras gerações correm, mais do que nunca, o risco de não poder ter.

Se você vive na Paraíba, mesmo sem nunca sequer ter entrado em alguma dependência da UEPB, olhe ao seu redor e veja o que os profissionais formados por essa Universidade fizeram e continuam fazendo pelo nosso Estado.

Veja de onde veio a formação dos seus professores ou dos professores dos seus filhos, dos profissionais que cuidam da sua saúde, dos advogados que defendem os seus direitos, dos assistentes sociais que lhe ajudam a ter uma vida mais digna, dos jornalistas que trazem as notícias da sua cidade e do mundo inteiro até você todos os dias.

Pense no que a expansão da UEPB representou, nos últimos anos, para os moradores das regiões de João Pessoa, Monteiro, Patos e Araruna - câmpus criados graças exclusivamente à Lei de Autonomia Financeira.

Não pense apenas nos beneficiários diretos. Pense no pequeno comerciante que abriu a mercearia onde professores e alunos fazem compras, na cozinheira do pequeno restaurante onde essas pessoas se alimentam, na arrumadeira que cuida de suas casas, que foram construídas pelos pedreiros dali mesmo, da região, que não precisaram abandonar suas famílias para tentar a vida em outras cidades e continuarão trabalhando enquanto a Universidade continuar crescendo.

Pense nas centenas de crianças que são atendidas pelos projetos sociais da UEPB em todas as cidades onde a Universidade está presente, trocando a vida na lavoura ou nas ruas pelas jogadas da escolinha de futebol, pelos passos delicados do balé, pelos acordes do violão ou pela descoberta de outras culturas através de suas línguas.

Pense em como essas crianças vão fugir das drogas, do crime e da violência pelo simples fato de que desejam ansiosas chegar à juventude para voltar à Universidade como universitários.

Pense nas dezenas de cidades da Paraíba que esperam um campus, um curso, uma sala de aula, uma UEPB toda sua!

Agora pare de pensar!

E AJA!

Vá às assembleias do Movimento em Defesa da Autonomia, aos eventos promovidos por dezenas de entidades, em todo o Estado, para debater e defender a conquista maior da Educação paraibana.

Aproveite o tempo que passa com seus colegas e amigos para debater o assunto e formar uma opinião própria sobre a importância da UEPB.

Visite os sites da UEPB e do Governo do Estado e acesse os documentos disponibilizados por ambos.

Leia, compare, comprove!

E se, ao final, perceber que não apenas a Autonomia da UEPB, mas, sobretudo, o SEU DIREITO está sendo desrespeitado, VENHA PARA A LUTA!

Imprima o símbolo da luta pela Autonomia e cole no seu caderno, na sua moto, no seu carro e nos de seus amigos.

Mude o seu avatar nas redes sociais em defesa da UEPB.

Siga e curta os perfis do movimento nas redes sociais e repercuta as mensagens com as quais concordar.

Lembre-se: A UEPB NÃO É DE RICARDO, DE MARLENE, DE CRISTÓVÃO, DE JOSÉ OU DE MARIA. A UEPB É SUA, DE TODOS NÓS.


A UEPB É DA PARAÍBA E É A UEPB QUE TORNA A PARAÍBA CADA VEZ MAIOR NO MAPA DO BRASIL!

E #VIVAUEPB!!!