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segunda-feira, maio 21, 2012

UEPB: NÃO ao Golpe



Rangel venceu em todas as categorias com grande margem
Finalizado o processo de consulta à comunidade acadêmica da UEPB, batizado de “eleição” para melhor entendimento por todos, com a votação expressiva recebida pela chapa formada pelos professores Rangel Júnior e Etham Lucena, volta à pauta a distensão política entre a instituição e o Governo do Estado, alimentada principalmente pelos canais de comunicação extraoficiais, regiamente beneficiados por verbas oficiais.

Ao invés de reconhecer a aprovação majoritária do modelo implementado pela professora Marlene Alves, através de seu sucessor, que recebeu votações expressivas em todas as categorias e atingiu a marca de 50,57% dos votos, mais do que a soma de todos os quatro candidatos oposicionistas, a mídia preferiu pautar a possibilidade de que o Governador Ricardo Coutinho desobedeça a vontade majoritária das urnas e não nomeie a chapa mais votada por professores, servidores técnico-administrativos e alunos.

Ao invés de reconhecer que foi pífia, para não dizer vergonhosa, a votação da chapa liderada pelo principal adversário da atual administração, claramente alinhada e apoiada pelo Governo estadual, a imprensa agora dá espaço a mais um conjunto de acusações de que haveria ocorrido fraude no processo.

Mais uma vez, acusam sem apresentar uma prova sequer. Nem indícios que possam levantar a mínima dúvida na cabeça de alguém menos esclarecido, quiçá nas mentes ardilosas dos comunicadores de terceira que hoje servem ao Palácio da Redenção. Usam os derrotados nas urnas dos mesmos subterfúgios usados ao longo da campanha, quando não mostraram nenhum documento, sequer testemunhal, das várias acusações feitas a Marlene, Rangel, Etham e qualquer um que defendesse a continuidade das mudanças profundas que estão ocorrendo na UEPB. E foram muitas. Chegaram a utilizar até panfletos apócrifos, que serviram muito mais para comprovar a fraqueza das acusações e a covardia dos acusadores do que para causar qualquer estremecimento na chapa 5.

Muito pelo contrário, conseguiram, com tamanha imbecilidade, apenas motivar decisivamente a militância pró-Rangel, que sentiu-se diretamente atingida pela baixaria e partiu para o corpo-a-corpo na reta final muito mais para engrandecer a vitória e calar os desesperados do que para contraditar as ridículas acusações.

Contribuíram decisivamente com sua própria ruína e até nas categorias nas quais cantavam largas vitórias levaram surras fragorosas. Mais de 57% dos professores escolheram Rangel Júnior. Até os técnico-administrativos, levados a uma greve sem sentido como forma de desmobilizar a categoria que foi extremamente beneficiada pela autonomia e por seu PCCR, compareceram às urnas e deram mais de 52% de seus votos à chapa 5.

Agora, a chapa 2, liderada pelo Professor Cristóvão Andrade e por um ex-Secretário do Governo Ricardo Coutinho, presidente estadual de um minipartido da base do Governador, ocupa privilegiados espaços na mídia governamental para alardear que houve fraude. Prova, nenhuma. Falam em nome da Justiça, do Ministério do Público, da Diocese... para dizer que a eleição está sob suspeita, mas os representantes dos órgãos citados negam a tese, até porque não conseguem ver nem indícios dessa fraude anunciada.

Para se ter uma ideia, a apuração do processo, realizado de maneira arcaica, com cédulas de papel, que seria o cenário ideal para que a tal fraude fosse desmascarada, ocorreu sob incomum tranquilidade. Não houve uma ocorrência sequer de pedido de impugnação de voto ou de urna. Ao longo da votação, o que se viu também foi um dia de relativa tranquilidade, sem ocorrências significativas, com a exceção de uma acusação de agressão a uma familiar de um dos candidatos a Vice-Reitor, porém sem a identificação do(s) autores e com uma versão extraoficial (também sem provas, portanto não credível) de que na verdade a moça estava em estado de total desespero e tentou até às últimas consequências provocar apoiadores da chapa vencedora, não conseguindo e partindo para a acusação vazia.

Sinceramente, num mundo em que qualquer celularzinho fotografa, filma e grava áudio com espantosa qualidade, é meio difícil acreditar que tanta coisa que agora os candidatos derrotados alegam ter havido não foi alvo de nenhum tipo de documentação, mesmo que falha.

De minha parte, o que vi – e tenho como provar – foram candidatos incorrendo em condutas expressamente proibidas pela legislação que regulamentava o pleito, com o uso de bottons metálicos pelos próprios candidatos (não tem como dizer que não foi a chapa que bancou a produção) e a produção em larga escala de camisetas com fotos de candidatos, que depois foram maquiadas de maneira patética, pois que continuaram usando símbolos diretamente ligados às candidaturas. Só isso já seria mais do que suficiente para que estas candidaturas fossem sumariamente impugnadas, mas a Chapa 5 optou, acertadamente, por ganhar no voto e não no tapetão. As prestações de contas deverão ser feitas e estou realmente ansioso para ver como se justificarão tamanhos investimentos em festas, buffets, sedes, carros e claques de uma chapa alegadamente pobre, que precisaria de um cofre muito bem recheado para arcar com tamanha estrutura. Algo como o cofre, por exemplo, de um forte sindicato. Esperemos...

Quanto à lista tríplice, é minha opinião pessoal que diante da possibilidade, mesmo que remota, de que a vontade soberana da comunidade acadêmica possa ser de qualquer maneira desrespeitada e atacada pela covardia de um Governo que já mentiu, dissimulou e atingiu violentamente a honra e a moral da UEPB e de todos que a compõem, a Universidade reaja.

Cronologicamente, apenas após a aplicação do golpe é possível que o contra-golpe seja desferido, mas no caso da UEPB a comunidade acadêmica, através de seus órgãos superiores, pode defende-la de maneira exemplar neste momento e demonstrar claramente sua disposição para fazer valer a vontade soberana das três categorias que nesses conselhos estão representadas, juntamente com toda a sociedade civil.

Diz a regulamentação que norteia o processo de sucessão na UEPB que a consulta à comunidade servirá de base para que o CONSUNI elabore a lista tríplice a ser enviada ao Governador. Não há em nenhum lugar nenhuma determinação de que os três primeiros da consulta sejam necessariamente os nomes constantes da lista, até porque em processos anteriores a Universidade contou apenas com uma chapa e o conselho não tinha segundo e terceiro lugares para compô-la.

Sendo assim, acredito sinceramente que é dever do CONSUNI – e a comunidade acadêmica precisa se mobilizar mais uma vez nesse sentido! – diante do risco iminente de que o Governador possa atropelar a vontade majoritária da comunidade universitária, elaborar uma lista tríplice que seja obviamente, por questão de justiça, encabeçada pelo candidato com melhor desempenho na consulta pública, segundo a vontade livre de professores, técnicos e alunos, mas complementada por outros nomes, que não participaram da consulta, que reúnam inequivocamente condições de ocupar o cargo máximo da UEPB.

Mais do que simplesmente um “contra golpe”, será a forma mais correta do CONSUNI, composto por representantes não apenas da UEPB, mas de toda a comunidade paraibana, reafirmar a sua posição reiterada de defesa da Autonomia, deixando claro ao Governador que, como ele mesmo afirmou várias vezes recentemente, a UEPB não pode ser refém dos interesses de poucos em detrimento da vontade da grande maioria.

Passada a disputa, é hora de voltar à luta pelo restabelecimento da independência e do respeito a todos os que lutaram para que a UEPB chegasse aonde chegou e pudesse, inclusive, escolher de forma democrática o seu próximo gestor, para o bem de TODOS!

Não ao GOLPE!

Que seja feita a vontade da maioria, de forma DEMOCRÁTICA e REPUBLICANA.

Um comentário:

Eli Brandão disse...

A sociedade brasileira empreendeu luta renhida durante os anos da Ditadura, até o dia em que o que o povo foi às ruas e, através do grito simbólico “Diretas Já”, exigiu e conquistou o direito democrático de eleger seus representantes no executivo e legislativo, mas também nas Universidades. Neste contexto, ainda respirando os ares do autoritarismo militar, em 1986, a UEPB (URNe) elegeu diretamente o seu primeiro reitor. De lá para cá, em todas as eleições da Universidade o resultado da votação da Comunidade Acadêmica foi respeitado por todos os governadores. Não acredito que Ricardo fará diferente dos seus antecessores, que manchará sua história com um crime contra a democracia, que entrará para a história da UEPB com essa pegada que ressuscita o tempo vergonhoso da ditadura. Nele, ainda que como sombra, acredito que sobrevive o espírito republicano. Ele respeitará a vontade da Comunidade Universitária.