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sábado, julho 30, 2011

Começam hoje as eleições municipais


Começa hoje (30/07/2011), oficialmente, a corrida para as eleições municipais de 2012.

E, no meu entender, o fato que marca essa largada é a realização das convenções do PSD em Campina Grande e João Pessoa, que servirá como base de lançamento para as discussões mais efetivas sobre a formação de chapas e coligações.

Mas isso não deixa de ser um paradoxo, pois o PSD, liderado pelo vice-governador Rômulo Gouveia, não pretende e nem tem ainda condições políticas - pelos vínculos do seu presidente estadual com PSDB e PSB - para lançar candidaturas nas chapas majoritárias dos dois principais colégios do estado.

Justamente por isso o PSD tem servido para revelar alguns prognósticos em relação às eleições 2012, pelo menos em Campina Grande, pois tem convidado alguns nomes que podem ser atores importantes do próximo pleito. Sendo assim, se o PSD convida e o convidado não aceita e filia-se - ou permanece filiado - a outro partido que pode lançá-lo em chapa majoritária, aumentam significativamente as chances de ser candidato.

O caso mais emblemático disso é o da reitora da UEPB, professora Marlene Alves, que é filiada ao PCdoB e foi convidada pelo vice-governador, com quem tem ótima relação pessoal, administrativa e política, para integrar os quadros do novo partido.

Romero: maiores chances de 2º turno
Marlene sabe que o PSD deve apoiar a candidatura de Romero Rodrigues, pelo PSDB, à prefeitura e que a lógica política atual é que o PSB seja dono da vaga de vice, o que faz com que nem essa vaga esteja disponível.

Assim, se Marlene aceitar o convite, o máximo que poderá fazer - a não ser que houvesse uma reviravolta completa no quadro político campinense - é candidatar-se a vereadora.

Já se a reitora permanecer no PCdoB será uma forte demonstração de sua determinação de concorrer à prefeitura, mesmo que não seja pelo PCdoB, que tem a grande desvantagem de possuir pouquíssimo tempo de TV. As opções são se filiar a um partido maior ou conseguir celebrar coligação com um. E ainda tem a possibilidade da criação de um arco de alianças com partidos pequenos, que, juntos, somariam um tempo maior de horário eleitoral. Todas as opções são complicadas, trabalhosas e até perigosas, cada uma por motivos diferentes.

A preço de hoje, as eleições do próximo ano em CG terão, pelo menos, seis candidatos.

Guilherme: falta carisma?
Tatiana: exposição em busca de vaga
Daniela: história e carisma
Arthur tenta se viabilizar
Romero já está lançado pela oposição ao governo municipal e deve trazer vice do PSB (sobre o qual falo lá no final deste texto); Guilherme Almeida e Tatiana Medeiros travam disputa por espaços na mídia para se cacifar junto ao grupo do prefeito Veneziano; Daniella corre por fora e está cada vez mais distante de uma composição com situação ou oposição, pois estes já perceberam que se lançarem candidatos com antecipação podem reverter a popularidade da deputada; Arthur Almeida (PTB) também pretende lançar-se como via alternativa, mas pode tentar dar uma de Efraim e negociar uma vice-prefeitura - o que está difícil - ou até uma candidatura a vereador "vitaminada" com a oposição. PSOL e mais algum "nanico" devem lançar candidatos.

Marlene tem base diferenciada e pode repetir efeito Vené
E tem Marlene, que, apesar de ter uma candidatura, em princípio, de estratégia de exposição para garantir vaga na Câmara dos Deputados em 2014, pode surpreender e relembrar o fenômeno Veneziano de 2004, quando o então vereador combatia o governo desgastado de Cozete e a candidatura "salto-alto" de Rômulo, ultrapassou a prefeita no primeiro turno e ganhou o segundo num sprint final que surpreendeu até a si mesmo (a arrancada, não a vitória).

Marlene tem uma história política exemplar e uma trajetória administrativa irretocável, conseguindo uma "quase unanimidade" inteligente. Professores, alunos e servidores da UEPB não apenas a respeitam. Gostam dela, querem o seu bem e são multiplicadores do trabalho profícuo de sua gestão à frente da verdadeira universidade de Campina Grande. Aquela que a cidade tem como seu maior patrimônio, motivo de orgulho e regozijo. E Campina sente-se em permanente dívida de gratidão com Marlene desde que ela foi fazer greve de fome em João Pessoa para por fim a uma greve de meses e se contrapor a um governador odiado pela maioria de seus conterrâneos.

Com essa configuração, uma coisa é certa: o segundo turno.

E entre os candidatos citados, apenas um, acredito, tem vaga quase garantida na segunda etapa da disputa: Romero, que contará com o apoio de um governo do estado que já estará mostrando resultados efetivos àquela altura, além de um discurso forte e pertinente em relação ao governo atual.

A segunda vaga é que são elas. Elas mesmo: Daniella, Tatiana ou Marlene, pois não acredito que Guilherme, vencendo a disputa interna, consiga convencer o eleitor de que é o sucessor natural de Veneziano (e nem Veneziano conseguirá transferir para ele sua popularidade e liderança).

O(a) candidato(a) da situação será o saco de pancadas da campanha, ao passo que Marlene deve ser a candidata menos atacada, por sua relação cordial com o PSDB/PSB/PSD e pela necessidade da situação de polarizar apenas com um candidato de oposição, sob pena de viabilizar uma terceira via.

Daniella, apesar de poder ser atacada por todos os lados, ainda tem mais chance que Marlene de chegar ao segundo turno, sobretudo pela expertise do grupo que representa na logística eleitoral, mas o fato de ser 100% oposição (aos governos estadual e municipal) podem prejudicá-la justamente nos bastidores "assistencialistas" da campanha.

Marlene tem uma base eleitoral inédita e, de certa forma, desconhecida, porque nunca na história política campinense a comunidade acadêmica se envolveu em uma campanha como poderá se envolver na próxima. Seriam milhares de formadores de opinião de todas as faixas etárias e posições sociais com grande poder de argumentação.

Um segundo turno entre Marlene e Romero poderia significar um tipo de campanha completamente diferente de tudo o que Campina Grande já viu, pois significaria, em primeira instância, a vitória antecipada do bloco de oposição. Qualquer que fosse o resultado, Ricardo, Cássio e até Rômulo ficariam satisfeitos.

Haveria diminuição efetiva do acirramento, muito pouca "baixaria" e, espero eu, esvaziamento da boca de urna da majoritária (embora no primeiro turno ela deva ser a mais ostensiva de todos os tempos, principalmente na base situacionista).

Campina poderia ter, pela primeira vez em muito tempo, uma campanha limpa.

Alguns aspectos, obviamente, merecem outras observações, que não cabem aqui para não "prolixar" ainda mais o comentário.

Thompson: o fiel da balança?
Mas, vale lembrar, nesse xadrez, uma figura ainda não citada pode ter destaque. Está no PSB, que detém a vaga natural de vice do PSDB, o grande antídoto para o que poderia ser o "fenômeno" Marlene. Thompson Mariz, o outro reitor de universidade pública de Campina. Se for ele o vice de Romero, fica mais difícil para Marlene ir ao segundo turno. Se ele atender ao convite já feito, filiar-se ao PT e for o vice do PMDB, fortalece a campanha situacionista e pode levá-la ao segundo turno. Neste caso o apoio de Marlene a Romero no segundo turno seria decisivo.

E há, porque não, a chance de Thompson também ser candidato a prefeito - pelo PT (?) - e nesse caso anular-se a si próprio e a Marlene pelo choque de "target", criando uma polarização paralela, com uma disputa antecipada da vaga pela câmara federal.

As fichas estão na mesa. (volto ao assunto...)

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