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domingo, julho 03, 2011

Ética: qual a sua?



Xenófanes, pré-socrático, sustentava ser a Ética um monte de regras inventadas por estadistas interessados em dominar os semelhantes.

Demócrito dizia que apenas com o conhecimento se chegaria ao exercício da Ética.

Protágoras supunha a Ética incrustada na mente dos homens.

Georgias de Leontino replicava afirmando que ela se baseava apenas nos sentidos.

Sócrates concordou em que só o conhecimento conduzia ao comportamento ético, mas embaralhou as cartas ao acrescentar que o conhecimento também levava a anti-Ética, porque a força se transformara num direito, e a justiça, num interesse.

Platão, defendeu a criação artificial de homens éticos. Para tanto, certas crianças, fisicamente perfeitas, seriam separadas das mães e do convívio dos cidadãos comuns quando completassem sete anos.

Aristóteles era, para Platão, o bezerro que ele havia criado e agora lhe dava coices, pois escreveu ser a Ética o caminho individual para a felicidade: o homem é ético para sentir-se bem com ele mesmo, pouco se importando com os resultados de seu comportamento na sociedade, se para aprimorá-la ou piorá-la.

Jesus, Paulo de Tarso, Santo Agostinho, Santo Thomaz de Aquino e, depois, os escolásticos misturaram a Ética com a religião. A Ética, para eles, visava ao reino dos céus, a “Cidade de Deus”, não se constituindo num fim em si mesma, mas em princípios criados pelo Padre Eterno para conduzir os homens ao paraíso.

Maquiavel desprezou a Ética individual estabelecendo importar apenas o funcionamento do regime político, para o qual a Ética deveria estar voltada. Disse que a violência e a fraude poderiam ser éticas, desde que contribuíssem para o sucesso de um governo capaz de atender as necessidades dos governados. Sentimentos pessoais, inclinações e realizações íntimas não vinham ao caso.

Erasmo de Rotterdam melou o jogo ao comparar os monges a asnos, quando eles se preocupavam apenas com a forma e com os rituais, esquecendo-se do conteúdo, o indivíduo. A força motriz da Ética era, para ele, a busca da paz.

Thomaz Hobbes, aquele que sustentou ser o homem o lobo do homem, dizia ser ético por egoísmo: para que o colega do lado também fosse ético com ele.

Spinoza confirmou que apenas seremos éticos dispondo do conhecimento, capaz de levar-nos a liberdade e a felicidade.

Voltaire defendeu fundamentar-se a Ética nas boas intenções de ingênuos e pobres, como revanche contra os homens ricos e maus.

Rousseau afirmava que se somos livres seremos obrigados e compelidos a ser éticos.

Kant defendia que a Ética transcende o indivíduo, existindo como valor universal.

Hegel ensinava que a Ética visa a unificar a conduta e o caráter.

Marx atrela a Ética as lutas de classe. Nega sua universalidade e fala que a Ética do operário jamais será a do patrão.

Nietzsche criou a Ética da violência, ou seja, ético é o que luta, vence e sobrevive. O que perde e fracassa não é.

Max Weber estabelece a Ética do lucro: ético é ganhar dinheiro.

Jacques Maritain volta a Aristóteles. Para ele, a Ética se localiza no âmago do indivíduo, não na experiência nem nas exigências do mundo. Somos éticos para nos realizarmos internamente, e essa realização leva ao bem-comum.

Marcuse ensina a necessidade de ser ético através da satisfação das necessidades do indivíduo e da sociedade.

Noam Chomsky, nos dias de hoje, condena a Ética do capitalismo, que destrói a Ética do cidadão.

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