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Após uma semana do início dos jogos panamericanos de Guadalajara, no México, pipocam nas redes sociais protestos de internautas contra a alegada ignorância da Rede Globo a respeito dos jogos. Acusam a “vênus platinada” de fazer de conta que os jogos não existem e de não lhes dar o destaque merecido na programação jornalística, mais especificamente nos programas esportivos.
É óbvio que com a compra dos direitos de transmissão dos jogos pela Rede Record, que lhe deu a exclusividade na transmissão e, por consequência, na captação de patrocínios, diminui muito o "interesse" da Globo e das demais emissoras, que também não estão cobrindo com Pan como merecido, em reservar espaços para o evento em suas grades.
Programas especiais ou informes ao longo da programação, nem pensar.
Mas não deixa de parecer uma burrice da Rede Globo, Band, SBT e RedeTV de repente relegar ao esquecimento esportes sobre os quais têm evidente interesse comercial, já que transmitem eventos dessas categorias e até promovem eventos com os seus atletas, como são os casos do futebol masculino, voley de quadra e de areia de ambos os sexos, natação, judô e ginástica olímpica, apenas para citar alguns.
Seriam as concorrentes da Record tão burras assim?
Não. Na verdade os burros, mais uma vez, somos nós!
O que está ocorrendo, mais uma vez, é a manipulação da opinião pública. Só que, desta vez, ao invés da Globo, quem está controlando os nossos cordéis é a Rede Record.
Mas como?
Ao comprar os direitos de transmissão, a Record tornou-se a única emissora brasileira não só a transmitir com exclusividade, mas também a única a ter o direito de credenciamento, o que faz com que repórteres e cinegrafistas das outras emissoras sequer tenham acesso aos locais das competições. Se quiserem pagar e entrar, podem. Mas nem assim poderão gravar e transmitir as imagens.
É por isso que todas as entrevistas com os atletas, feitos pelos repórteres da Rede Globo em Guadalajara – sim, a Globo mandou equipes para lá! – são feitas na rua, em estacionamentos, em portas de estádios. Nunca em locais de provas, áreas de imprensa ou na vila olímpica.
Só isso já justificaria a diminuição do espaço destinado à cobertura do evento, mas não pára por aí.
Para se tenha uma ideia, no Brasil os eventos sobre os quais a Globo e a Band detém os direitos de transmissão, daqui ou de fora, podem ter três minutos de imagens e sons reproduzidos por qualquer emissora, seja através de imagens gravadas pelas próprias emissoras ou cedidas pela Rede Globo, Band ou geradores independentes, como é o caso da Fórmula 1, Fórmual Indy e da Copa do Mundo.
No caso do Panamericano, de forma a atender a lei, a Record estabeleceu o entendimento de que as demais emissoras só poderão veicular os mesmos três minutos, mas não de cada competição ou modalidade e sim de cada dia. Assim, ao final de cada dia a emissora gera para as demais um resumo de imagens de três minutos produzidos segundo os seus critérios, que podem diferir das demais, sobre tudo o que aconteceu naquele dia, o que, convenhamos, no caso de um evento com muitas horas de transmissão por dia, é quase que absolutamente nada.
Quem perde com essa estratégia? Todos nós!
Mas, principalmente, perdem as nossas crianças, pela falta de oportunidade de ver o valor que o esporte pode ter na vida de alguém e pela impossibilidade de construir novos heróis baseados em valores como boa saúde, dedicação, persistência e superação!
Talvez os efeitos dessa picuinha se veja nas olimpíadas do Rio, em 2016, quando poderemos todos perder de ver grandes atletas brasileiros conquistando medalhas porque a eles não foi dada a oportunidade de conhecer a magia do esporte.
Como dizia o filósofo, "nesse prostíbulo não há virgens"!
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