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domingo, fevereiro 05, 2012

Segura que o perfil é teu



Volto hoje à série de textos que estou produzindo com o objetivo de contribuir com os candidatos a cargos eleitorais nas próximas eleições, e seus assessores, abordando aspectos da comunicação de campanha e do gerenciamento da imagem dos candidatos.

O primeiro texto abordava a necessidade do diálogo com o eleitorado. Você pode acessá-lo aqui.

Hoje o tema é ATUALIZAÇÃO (ou MANUTENÇÃO).

Vamos falar sobre a necessidade que o candidato tem de manter seus canais de divulgação, comunicação e interação com o eleitor permanentemente abertos e funcionais.

Que impressão você tem quando visita ou site, blog ou perfil de um político na internet e nota que a última atualização ocorreu há mais de um mês?

Abandono? Preguiça? Não tem o que mostrar? O cara morreu e não deixou nem a senha para que alguém postasse uma nota de falecimento?

Essas são apenas algumas das impressões que um espaço abandonado na internet causa nas pessoas que tenham algum interesse em saber alguma coisa sobre o político-candidato.

Se o espaço está abandonado desde a última eleição, aí a coisa fica séria, porque as pessoas irão perceber claramente que houve oportunismo por parte do candidato para utilização dos canais na rede. Ficará patente o uso da boa e velha estratégia, que o eleitorado abomina, de investir no diálogo durante a campanha e abandonar o canal após eleito – ou não.

Nestes casos, a frase que cabe perfeitamente é o ditado popular “segura que o filho é teu”.

Importante também perceber que essa postura oportunista pode atingir o candidato que nunca empreendeu nenhuma estratégia de comunicação, seja no mundo real, seja no virtual, e de repente aparece, às vésperas das eleições com jornalzinho, folder, site, blog, facebook, twitter etc. Não vai colar!

Quando o candidato contrata alguém para desenvolver uma estratégia de comunicação, ele precisa saber que após a campanha, ganhe ou não, estes espaços precisarão de manutenção ou, em último caso, serem desativados. O que não pode é incorrer no crime de “abandono de incapaz”, já que sites, blogs ou perfis em redes sociais ainda não adquiriram a sublime capacidade de sobrevivência independente, como nós mesmos conseguimos em relação aos nossos pais. Pelo menos a maioria de nós.

Além disso, mesmo durante o período mais crítico, que envolve desde os meses anteriores à oficialização da candidatura até os meses entre a convenção e a votação, o candidato tem que se organizar para que os espaços que se propõe a ocupar estejam sempre novinhos, bonitinhos e bem cuidados, para que as pessoas tenham sempre a impressão que o candidato – ou sua assessoria – está sempre por perto, de olho em tudo o que se fala sobre ele ou sobre os assuntos que interessam ao seu potencial eleitorado.

Neste aspecto, a presença se dá de forma ativa, reativa e participativa.

De maneira ativa, o candidato deve sempre disponibilizar na rede o que anda fazendo, planejando ou simplesmente pensando. Foi a alguma reunião importante, encontrou com algum apoiador expressivo, participou de um evento interessante (Atenção: não vale colocar sua ida ao show da Lady Gaga em Dubai. O eleitor, com certeza, não vai gostar desse seu lado “Gerardo”.), ande sempre com uma máquina ou tenha um celular com câmera de boa qualidade para registrar esses momentos e disponibilizá-los o mais instantaneamente possível, lembrando sempre que tem que dosar. Não vá ficar colocando sua ida ao banco ou seu almoço com amigos em um restaurante, a não ser, sempre, que isso seja realmente relevante e pertinente.

O jornalismo tem uma dica básica para definir o que é ou não interessante: se um cachorro morde um homem, aquilo é normal, se um homem morde um cachorro, aquilo é notícia. Entendeu, né?

Nesses casos, inclusive, de acordo com o posicionamento político do candidato – situação ou oposição – ele pode se colocar como um fiscal da população, denunciando fatos que atentem contra o bem estar dos eleitores, como um buraco numa rua, um terreno baldio cheio de lixo ou alguma situação que denuncie um problema que ele pode se propor a resolver. Se for situação, esta postura se inverte. A nova escola que ficou um brinco, a rua que foi calçada ou o novo espaço de convivência.

Cuidado, mas uma vez, para não parecer “do contra” demais, denunciando fatos corriqueiros que nem dependem do poder público para serem resolvidos ou transformando em grande obra qualquer açãozinha de manutenção do espaço público.

Ah, lembre-se também de não ficar juntando assunto ao longo do dia, ou de dias, e postar tudo de uma vez. É chato para quem recebe aquele turbilhão de informações de uma vez só e diminui muito o poder de impacto e abrangência do seu conteúdo.

De forma reativa, é importante responder sempre a tudo que lhe for perguntado e estar sempre atento ao que se fala sobre você, mesmo que a mensagem não lhe tenha como destinatário. Aí é onde entra o essencial monitoramento. Algumas táticas regem esse tipo de comportamento. A mais importante delas é ter cuidado com a forma de reação, por exemplo, a alguém que lhe trata de maneira grosseira. Evite responder no mesmo tom ou utilizar de cinismo ou ironia em sua resposta. Seja verdadeiro, porém humilde. Existem várias outras regrinhas a obedecer, mas não dá para postar tudo aqui...

Finalmente, no modo participativo, o candidato precisa estar atento ao que se fala sobre os assuntos que pretende usar como bandeiras de campanha e temas para seu mandato. Inscreva-se em grupos de discussões, observe as “hashtags” e faça buscas pelos termos referentes a esses assuntos. Integre-se ao debate de forma positiva e contributiva, com o cuidado de não querer ser o dono da verdade e nem aparentar ignorância sobre o tema.

Para que isso tudo aconteça é preciso estar atento ao que ocorre ao seu redor, seja no mundo real ou no universo das mídias sociais, antecipar-se ao máximo em suas ações de comunicação – para não ser atropelado por algum concorrente ou acusado de oportunismo – e dedicar-se, ou manter alguém dedicado, a regar as plantas, revolver a terra, podar os galhos mais baixos, recolher as folhas mortas e retirar as ervas daninhas.

Entendeu, né?

Um comentário:

jomarricardo.blog.uol.com.br disse...

Emerson,

agradeçemos pela contribuição para o esclarecimento em razão das MENTIRAS promovidas pelo governador.