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quarta-feira, agosto 03, 2011

Calçadas do Açude Velho: PRA QUÊ?



Por quê reconstruir uma calçada em bom estado?



Sabe quando a gente faz uma reforma em casa, quebra tudo, derruba e levanta parede, reboca, emassa, pinta e depois de tudo pronto lembra que esqueceu de botar uma tomada naquela parede onde vai ficar a TV? Pior, esqueceu de instalar o conduíte por onde passará o cabo da antena, o que fará com que o instalador tenha que fazer uma gambiarra horrível, e, pra completar, não tem por onde passar o cabo do telefone e a empresa só instala se tiver uma canaleta exclusiva.

Lá vai quebrar tudo de novo, despesa, poeira, sujeira, atraso, dor de cabeça...

Isso acontece na maioria das obras não calculadas, feitas às pressas e sem planejamento.

E é isso que eu acho que irá acontecer nessa história de reconstrução do calçadão do Açude Velho.

Com recursos de um milhão e trezentos mil reais, sendo, destes, um milhão pagos pelo governo federal, a prefeitura pretende construir nova calçada e ciclovia ao redor de todo o açude.

Para começar, como frequentador do local, acredito sinceramente que a calçada não precisa ser reconstruída, mas, apenas, recuperada em alguns trechos nos quais as raízes das árvores subiram e racharam calçada e ciclovia, obra bem mais simples, rápida, barata e que, aliás, nem precisava ser feita se a manutenção do local ocorresse de maneira permanente.

Mas o que considero grave é que estando o velho açude com suas águas completamente infestadas por dejetos despejados por inúmeras redes de esgoto que nele desaguam - diretamente ou através do canal - se façam novas calçadas sem antes revitalizar suas águas e fazê-lo voltar a ser espaço indicado para o lazer dos campinenses.

Sem entrar no debate da propriedade de se investir um milhão e trezentos mil reais em um local que não apresenta desgaste que justifique a "reconstrução", embora há muito tempo esteja precisando de maior atenção no tocante à manutenção e reparos cotidianos, acredito que a obra deveria seguir a lógica adotada pelos órgãos de planejamento e obras de pavimentação, quando a regra é só pavimentar ruas que já tenham rede de coleta de esgotos, para que não seja necessário, depois, quebrar tudo para instalar os dutos.

O Açude Velho, maior cartão postal de Campina Grande, não é de hoje, sofre com o despejo de dejetos em suas águas, o que vem se tornando mais grave ainda com a construção de vários prédios residenciais em seu entorno. Há décadas que a população se ressente com a poluição de suas águas, que, no verão, parecem mais um caldo verde e fedorento, coberto por plantas que, quando morrem, pioram ainda mais o odor e espantam os caminhantes e ciclistas justamente na época em que eles mais precisam da área para se exercitar.

Uma coisa, em relação ao Açude Velho, é certa: uma hora será necessário empreender um projeto de revitalização de suas águas, o que não é, no meu entender, algo tão difícil, principalmente diante de uma oportunidade de ouro como a que temos agora, já que a verba para a construção da calçada já foi liberada e essa seria, a meu ver, a parte mais cara de um projeto de revitalização completa.

E o que falta?

Mais uma vez, falta articulação da prefeitura com o governo do estado, mais especificamente com a Cagepa, pois uma integração inter-poderes poderia resolver de vez o problema do Açude Velho.

A imagem é linda, mas o odor...
Como?

Bastava que a prefeitura acertasse com a Cagepa para que fosse feito o desvio de todos os esgotos direto para o sangradouro, através de um canal que seria construído justamente por baixo das calçadas, deixando cair no açude apenas a rede de águas pluviais e, como reforço, água vinda de Boqueirão, para o caso de haver baixa no nível das águas.

Seria uma grande obra, definitiva, que daria a Campina Grande uma área de lazer incrível, com a possibilidade de pescaria, esportes aquáticos e, a médio prazo, até um balneário. 

Campina iria ter a sua praia!

Mas não. Pelo menos enquanto as administrações municipal e estadual não se bicarem, a cidade vai ter todos os problemas e incômodos de uma grande obra que, no final, não resolverá nenhum problema, já que o verdadeiro problema não está sendo visto.

Ou não está "querendo" ser visto...

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