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sexta-feira, agosto 05, 2011

Hospital da Criança: sim, mas onde?


A discussão sobre a venda do prédio DTO pela PMCG, para compra de um prédio onde funcionaria um hospital infantil de baixa e média complexidade, tem gerado discussões que cada vez mais se distanciam do que realmente importa nessa questão.

De um lado, partidários do prefeito tentam atingir os que são contra dizendo que são contra as crianças, como se isso fosse possível.

De outro lado, adversários do prefeito e/ou partidários de seus opositores políticos insinuam que há interesses escusos, tanto na venda do prédio público quanto na compra do prédio onde funcionou a clínica Materdei, por 3,6 milhões.

Mas o que realmente importa nessa história toda?

Em primeiro lugar, há, de fato, a necessidade do serviço, não apenas para crianças, pois a saúde brasileira está em situação periclitante e em Campina Grande a situação não é diferente.

Em segundo lugar, o DTO é, de fato, subutilizado.

O problema, no meu entender, não é o fato da oposição querer ou não querer a venda do prédio e a consequente compra das instalações.

Quanto à venda do prédio, não caiamos, por favor, no discurso de acusar o prefeito de neoliberal, de querer se livrar do patrimônio de todos os campinenses, de comparar o DTO com a CELB ou o que quer que seja. O prédio tá lá, se acabando, cheio de sucatas, e não há, pelo menos em princípio, nada que se possa fazer. Afinal, se houvesse dinheiro para fazer alguma coisa ali a PMCG não estaria se desfazendo da área.

E, afinal de contas, se a idéia é fazer um leilão fica difícil acontecer qualquer maracutaia, pois o processo é público tanto para quem quer participar quanto para quem deve fiscalizar.

O verdadeiro nó, entendo, está na destinação dos recursos de mais de seis milhões - o lance mínimo do leilão - que a prefeitura iria faturar.

Partindo do pressuposto que o dinheiro deva ser investido em saúde, investir 3,6 milhões em um prédio usado, construído há décadas, em uma área que já não é mais ideal para esse tipo de serviço (basta lembrar dos problemas que o recém fechado hospital de trauma causava no trânsito daquela área) não me parece o investimento mais inteligente.

Se, pelo menos, a prefeitura não tivesse outras opções. Mas tem.

A mais lógica, obviamente, é a tão prometida expansão da maternidade municipal, que tem um terreno amplo e capaz de acomodar pelo menos mais um grande bloco, que, numa nova configuração, poderia transformar o equipamento em um verdadeiro centro de excelência no atendimento, desde a gravidez até a pré-adolescência, com consultórios, enfermarias e salas para procedimentos (partos e cirurgias, basicamente). Tudo em um só lugar, muito mais fácil de administrar e muito mais prático, tanto para a "clientela" quanto para funcionários, prestadores de serviço etc.

A construção do zero tem várias vantagens: geração de recursos para o mercado da construção civil (centenas de empregos para operários, arquitetos, engenheiros, construtoras, fornecedores, serviços de apoio...), possibilidade de construir utilizando tecnologias modernas, que resultarão em edificações mais confortáveis, inteligentes e econômicas. Ou seja, o dinheiro beneficia muito mais gente e o resultado é melhor para todo mundo.

Sendo investido o dinheiro no "complexo" da maternidade, "mata dois coelhos com uma caixa d'água só", pois seria também a oportunidade perfeita para resolver os problemas estruturais graves que vêm acometendo aquele importante patrimônio campinense há anos.

E se não for viável construir o anexo, vários outros locais poderiam servir ao objetivo.

Mais um exemplo?

O prédio do antigo Forrock, que também está em péssimas condições e que, além de tudo, fica na mesma rota do novo hospital de trauma e do hospital Rubens Dutra, que, esperamos, um dia deverá vir a funcionar em sua plenitude.

A não ser que a prefeitura esteja reservando o antigo Forrock para um próximo leilão...


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